O que é que se pode esperar? Está tudo em aberto?
Nem por isso. Diria que este não é um jogo de tripla, como no Totobola, porque está - desde já - afastada a hipótese de um corte ou uma descida nessas taxas de juro.
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, já deixou claro que não haverá corte este mês nos juros. Assim sendo, hoje, da reunião, só deverá sair uma de duas decisões: ou as taxas de juro aumentam, ou vão continuar como estão. Sem qualquer alteração.
Mas as últimas reuniões do BCE têm terminado sempre com as taxas a subir...
Pois têm... e se o BCE subir mais uma vez os juros, será o décimo aumento consecutivo. Pelo contrário, se mantiver as taxas inalteradas, será a primeira vez desde que começou este ciclo de aumentos, em julho de 2022. E fica com este número: desde julho do ano passado, a taxa de referência - que influencia, por exemplo, as prestações do crédito à habitação - passou de 0% para 4,25%.
O que é que vai determinar a decisão do BCE?
A resposta clássica: todos os dados disponíveis. E alguns desses dados só serão conhecidos hoje. Nomeadamente, as novas projeções da autoridade monetária.
No entanto, sabemos, desde já, que os números da inflação na zona euro continuam elevados, acima dos 5% em Agosto, com nove economias acima da média... e aqui começam as preocupaçoes, porque entre esses países estão Alemanha, França e Itália que são só as 3 principais economias da Zona Euro.
Isso não é bom para a perspetiva de uma descida dos juros...
Pois não. E como já ouvimos esta manhã aqui na informação da Renascença, o economista Luís Aguiar Conraria diz que, com estes dados, o BCE continua a ter a necessidade de combater, ativamente, a inflação. Ora, se olhássemos só para a inflação, este especialista não teria dúvida que as taxas de juro iriam subir. No entanto, há outros factores a ter em conta. As economias estão em desaceleração, o que é um argumento a favor de uma pausa pelo BCE.
Como disseste, a decisão do Banco Central Europeu influencia os valores das prestações dos créditos que pagamos - nomeadamente do crédito à habitação. Se as taxas de referência subirem, também sobem as prestações...
Sim, como tem sempre acontecido. Porque estes créditos à habitação estão indexados à Euribor, que é no fundo a média das taxas de juro praticadas entre os vários bancos europeus.
Com tantos problemas no setor da habitação, o que é que o Governo poderá fazer para responder a uma eventual nova subida das taxas de juro?
Primeiro, e como também já aqui ouvimos, António Costa - o primeiro-ministro diz que é preciso esperar para ver o que vai decidir o BCE.
Mas, se se confirmar nova subida, o que está previsto é haver novos apoios às famílias com créditos à habitação que deverão sair já do conselho de ministros da próxima semana.
Entre essas medidas, estará a criação de uma fórmula que irá garantir que o valor das prestações estabilize durante dois anos. Pelo menos que não sofram oscilações significativas. O anúncio foi feito ontem pelo ministro das Finanças.
Recordo ainda que, num outro plano, o primeiro-ministro disse ontem que o Governo vai travar o aumento das rendas, só não se sabe ainda o valor.
Resta saber quando é que vamos conhecer a decisão do Banco Central Europeu...
À hora de almoço... depois das 13h00. Aí saberemos se vamos ter ou não mais mexidas, que - a acontecer - serão sempre subidas nas prestações dos créditos à habitação.