A pobreza energética é, grosso modo, um cenário em que uma família/lar é incapaz de pagar a quantidade de energia necessária para as necessidades domésticas e/ou quando se vê obrigada a dirigir uma parte excessiva do seu rendimento para a fatura energética da sua casa.
A dificuldade de um lar em que satisfazer a procura básica de energia traduz-se em impactos diversos sobre o bem-estar das pessoas que o habitam como a falta de conforto térmico, a redução do rendimento disponível para outros bens e serviços, sofríveis condições de habitabilidade e riscos de falta de pagamento da energia.
O lado conceptual da pobreza energética difere em função do grau de desenvolvimento dos países. Nos mais desenvolvidos é, na maioria, um problema de capacidade de saldar as faturas, não de acesso, enquanto nos países em vias de desenvolvimento, é uma dificuldade de acesso a modernas fontes de energia – gás, eletricidade, renováveis – antes ainda da dificuldade de pagamento.
É um fenómeno distinto do conceito mais lato de pobreza ou exclusão social, porque alguns lares podem estar numa situação de pobreza energética sem estar em escassez monetária, mas, ainda assim, esse pode ser o primeiro passo para chegar a esse quadro de risco de exclusão.
A pobreza e distintos graus da ‘vulnerabilidade energética’ – propensão a experimentar a carência temporária desse tipo de serviços – vão mais além da tríade dos fatores clássicos da definição de pobreza energética – rendimento, preço da energia e eficiência térmica da casa – e são realidades em todos os estados membros da UE com Bruxelas a mobilizar-se numa nova política europeia em matéria energética com uma estratégia integrada em áreas como transição justa ou planos para a energia em clima.
E qual é o cenário em Portugal? Que “ecossistemas térmicos” condicionam o bem-estar dos portugueses nas suas casas? E que efeito tem o item “energia cara para população pobre”?
A fornecer pistas e a responder a estas e outras questões está o professor João Pedro Gouveia do CENSE – da Universidade Nova de Lisboa - que liderou uma equipa de investigadores no mapeamento da pobreza energética e desenvolveu um índice multidimensional pioneiro na Europa, a propor uma nova metodologia para abordar o problema.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus