Ainda sem que haja informações concretas sobre quando chegam os primeiros refugiados, Portugal continua a preparar-se para colaborar no acolhimento.
Para os voluntários já inscritos na Plataforma de Apoio, sejam instituições ou particulares, começou esta quinta-feira uma acção de formação que teve o simbolismo de se realizar na mesquita central de Lisboa.
A formação será dada maioritariamente através da Internet, e aborda questões tão variadas como o diálogo intercultural e inter-religioso, o trauma e a saúde mental na população refugiada, ou ainda o racismo e a xenofobia, as rotas migratórias e a actual situação dos territórios em conflito.
Rui Marques, o coordenador da plataforma, diz que não chega ser solidário e voluntário, é também preciso saber quem vamos acolher, para o podermos fazer bem.
“Por exemplo, uma melhor compreensão do Islão, bem como perceber as questões geopolíticas (porque estão a sofrer as consequências de uma guerra terrível) ou perceber as questões do direito internacional e da protecção que é devida a estas pessoas ou ainda as questões do trauma e do impacto psicológico e de saúde mental na vida de um refugiado. Essa construção de pontes é fundamental porque precisamos de ultrapassar a distância linguística e cultural e também de experiência de vida”, disse.
E porque a maior parte dos refugiados que vão chegar a Portugal são muçulmanos – oriundos da Síria, da Eritreia e do Afeganistão - ganham especial importância os aspectos relacionados com a fé islâmica.
Mas nada que constitua um grande problema, ou que obrigue a muita preparação, diz Abdul Vakil, o líder desta comunidade no nosso país.
“Tem de haver comida que seja apropriada. Carne de porco nunca e a outra carne tem de ser abatida segundo o nosso rito islâmico. O que é que há mais? É a questão das orações. As pessoas devem ter um espaço para orações e bastam para que saibam para onde está orientada Meca e o horário das orações”, refere.
A formação vai estender-se até meados de Dezembro.
Entre os inscritos, para além de muitos voluntários, há também alguns elementos de instituições públicas – como a Segurança Social, por exemplo, que vêem nesta iniciativa uma boa oportunidade para também se prepararem.
A Plataforma de Apoio aos Refugiados já junta 250 entidades da sociedade civil.