A diretora executiva da Liga Portugal analisa o peso no futebol profissional dos temas centrais da 2.ª edição da Conferência Bola Branca, agendada para o próximo dia 22 de maio.
Helena Pires, que trabalha no futebol profissional há cerca de 20 anos, fala da igualdade de género, do talento e ética.
Com a sua longa experiência podemos pensar que tem havido uma maior abertura ao género feminino para funções relacionadas com a indústria do futebol português?
Tem havido uma maior recetividade do futebol profissional em acolher as mulheres nos seus órgãos de decisão e também na sua estrutura mais operacional.
Esta é a minha sensibilidade, mas também tenho a sensação de que tudo isto está relacionado com a disponibilidade que tem havido por parte das mulheres em integrar este mundo e com o tema que para a Liga Portugal é muito importante, que é a meritocracia.
Podemos esperar que em breve o género feminino possa atingir posições de notoriedade no futebol profissional? Por exemplo, é possível acreditar que dentro de pouco seja possível ter mulheres na liderança de vários clubes?
O Trofense tem uma senhora como presidente, e parece-me que desde que haja disponibilidade e vontade não haverá qualquer oposição do futebol profissional. Esta é uma atividade económica por isso já não se olha para as coisas desta forma. Há 20 anos quando entrei neste mudo havia uma tipologia de dirigente, mas agora essa tipologia é completamente diferente.
Esta é uma atividade de negócio e acima das questões do género está a capacidade da pessoa para executar a função.
A Helena Pires tem já uma longa ligação ao futebol e à Liga Portugal, uma entidade que tem relevado a importância do talento. Este é um caminho obrigatório?
O talento não pode ser desperdiçado, os números mostram bem o que representa para a Liga Portugal e para as nossas competições profissionais. Entre 2017 e 2022 tivemos 1,4 milhões de receita na exportação de talentos. Estes números mostram a importância que os clubes dão ao talento.
Temos de baixar os custos de contexto (seguros e impostos por exemplo), temos de olhar para o futebol de uma forma diferente para o tornar aliciante e também para evitar que estes talentos saiam da nossa competição, por forma a manter a valorização da mesma.
O plano estratégico apresentado pela Liga Portugal para o período de 2023 a 2027 pressupõe o trabalho em várias matérias. Percebe-se o vosso cuidado com as questões da ética…
A Liga Portugal tem preocupações éticas e também sociais. Fomos a primeira liga a ser certificada ao nível da norma anticorrupção. Nós queremos dar credibilidade a esta atividade, a esta indústria, continuamos a fazer o nosso caminho para a valorizar, de a tornar cada vez mais apelativa.
Este é um trabalho que leva o seu tempo. A Liga Portugal tem estado a traçar novos desafios, temos um plano estratégico já direcionado para o quadriénio 2023/2027, tendo em conta estas características e estes aspetos.