Marcelo Rebelo de Sousa deixou um aviso claro ao Governo sobre a execução do Orçamento do Estado que agora promulgou. A tese é de Nuno Morais Sarmento que leu assim a comunicação dirigida pelo Presidente da República aos portugueses na tarde desta segunda-feira.
“Nunca vi um Presidente fazer um acompanhamento da execução orçamental. Agora, o Presidente ‘virou’ árbitro-polícia da execução orçamental? Foi o que Marcelo fez. A alegria com que Costa e ‘sus muchachos’ viram a promulgação pelo Presidente da República deveria ser a preocupação com que eles o deviam ter ouvido relativamente à execução orçamental”, argumenta o antigo ministro do PSD na Renascença.
No programa “Falar Claro”, o socialista Vera Jardim admite que a comunicação do Presidente da República representa “um bom amparo” para o Governo e para os portugueses.
“O Presidente da República está aí disponível, já se viu, para dar um sentido de certeza e segurança aos portugueses e portanto, de estabilidade”, conclui o antigo ministro da Justiça.
Um Presidente-explicador em Belém?
Nuno Morais Sarmento concede que Marcelo Rebelo de Sousa levou para Belém outro entendimento das funções presidenciais.
“Explicar o Orçamento ao país e as razões políticas de aprovação como ele fez, claramente Marcelo entende que isso é função do Presidente. Ou dito ao contrário, ele entende que não há nenhuma razão para que os portugueses sejam tratados como tolinhos a quem é melhor não explicarem as coisas porque ficam baralhados da cabeça”, argumenta o social-democrata.
Para Vera Jardim, fica claro que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa entende este Orçamento como “um passo decisivo para a normalização da situação do país”. O socialista lembra que a insistência de Marcelo na necessidade de certeza e estabilidade em Portugal.
“Entendeu que este era um momento importante. Veremos com que periodicidade o Presidente da República se dirigirá aos portugueses neste tipo de intervenções que ele adoptou”, observa o histórico militante socialista.
A forma como Marcelo optou para comunicar a sua decisão aos portugueses só tinha um risco, reconhece Morais Sarmento.
“O único risco desta maneira de ser é a dessacralização do poder, considerarmos isto tudo tão banal e divertido que já não respeitamos o mais alto magistrado da nação. Era o único risco que aqui poderia existir. Tirando isto, Marcelo tem bom senso, inteligência, cultura, equilíbrio político suficiente para os portugueses se reverem nele da forma como se reviram”, remata o antigo ministro do PSD.