Demitiu-se o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde.
Fernando Araújo apresentou em carta os seus motivos à ministra Ana Paula Martins.
O Explicador Renascença esclarece os motivos.
Por que razão se demitiu Fernando Araújo?
O primeiro motivo invocado por Fernando Araújo é o facto de, segundo o próprio, não querer ser um obstáculo às políticas do novo Governo para a área da Saúde.
De resto, na carta de demissão, a que a Renascença teve acesso, o diretor do SNS considera que esta decisão vai permitir à nova ministra executar as políticas que considere necessárias, sem que a Direção Executiva possa ser considerada um obstáculo à sua concretização.
É uma demissão por razões político-partidárias?
É sempre uma leitura possível, mas aqui não é claro que tenha sido esse o caso. Fernando Araújo diz que decidiu sair depois de, na reunião que teve com a nova equipa do Ministério da Saúde, ter mostrado abertura para manter-se em funções.
Fernando Araújo diz, até, que estava ao dispor da nova equipa governativa, se ela entendesse mudar as políticas e os rostos do sistema.
Contudo, as prioridades elencadas pela ministra Ana Paula Martins e o pedido para fosse entregue um relatório sobre as mudanças introduzidas por Fernando Araújo no funcionamento do SNS terão sido a gota de água.
Mas esse relatório vai ou não ser entregue?
Vai e Fernando Araújo diz que já está a trabalhar nesse documento, porque considera que esta prestação de prestação de contas é uma responsabilidade e um dever.
Não se sabe, ainda, quando é que o relatório estará concluído e será entregue ao Ministério da Saúde.
Seja como for, esta demissão de Fernando Araújo torna-se efetiva no dia seguinte à entrega desse balanço de funções.
A nova ministra da Saúde quis demitir Fernando Araújo?
Pelo menos durante o encontro, Ana Paula Martins não terá transmitido essa intenção.
Mas Fernando Araújo terá percebido que eram muitas as divergências entre a estratégia que defendia para a reforma do SNS e a política que o Governo pretende aplicar no setor.
Quais as reações a esta demissão?
O bastonário da Ordem dos Médicos admite que já esperava esta demissão e volta a defender uma reformulação das competências da Direção Executiva. De resto, à semelhança do que disse já esta semana à Renascença.
Carlos Cortes mostra-se favorável à existência de uma Direção Executiva que coordene a reforma do SNS, lembrando, contudo, que a orientação principal deve ser responsabilidade do Ministério da Saúde.
Do lado dos administradores hospitalares, Xavier Barreto diz não estar surpreendido e recorda as divergências que já vinham de trás com a atual ministra da Saúde.
Já nos sindicatos, a FNAM critica os poderes excessivos de uma estrutura pesada, pouco funcional e com orçamento descabido; o Sindicato Independente dos Médicos lamenta a saída de Fernando Araújo e avisa que pode estar em causa a reestruturação do SNS.
E no plano político?
Para já, só do Partido Socialista, que quer ouvir, com urgência, no Parlamento, a Ministra da Saúde e o diretor executivo do SNS.
O requerimento vai dar entrada na Assembleia da República ainda esta quarta-feira.
Já o primeiro-ministro, Luís Montenegro, prefere, por agora, não comentar. Diz que falará, a seu tempo.