O PAN desafia o primeiro-ministro a passar do otimismo às medidas concretas para o Orçamento do Estado para o próximo ano. A porta-voz do partido pede também a António Costa que esse otimismo não esbarre no ministro das Finanças.
“O otimismo do senhor primeiro-ministro não se pode traduzir depois nos bloqueios do Terreiro do Paço e, portanto, tem de haver uma efetiva aposta naquilo que são os investimentos de que o país carece para podermos fazer esta transição”, defendeu em declarações aos jornalistas, no final da reunião com o ministro João Leão.
Inês Sousa Real reconhece que há medidas que vê como satisfatórias, como as “matérias de justiça social tão estruturantes e tão importantes para esta retoma socioeconómica do país, também com um cunho de transição verde e de empreendedorismo verde que para o PAN, sendo um partido ambientalista e progressista, é absolutamente fundamental”.
Mas está tudo em aberto, avisa o partido a menos de uma semana da apresentação do documento na Assembleia da República.
“É fundamental que haja aqui alguma ambição, sob pena de voltarmos a ter um Orçamento que tem apenas o cunho do Partido Socialista” e, nesse caso, “não passamos do manifesto de boas intenções”, pelo que “está tudo em aberto”.
“Desde a austeridades às cativações, Portugal não pode ficar refém ou estagnado. Queremos que este seja um orçamento de viragem, apontou, dizendo que tem faltado "visão estratégica de médio e longo prazo".
“Teremos de aguardar por aquela que é a redação na sua generalidade deste Orçamento”, conclui a porta-voz do partido.
Sobre os escalões do IRS, Inês Sousa Real vê a revisão com agrado, mas pede ao Governo um efetivo compromisso no combate às alterações climáticas.
“O Governo assumiu uma reivindicação do PAN: o fim da isenção sobre produtos petrolíferos, pelo menos aqueles que têm por base a energia do carvão. Não haverá aqui um adiar, uma moratória”, assegurou.
Em reuniões na Assembleia da República, o ministro das Finanças, João Leão, e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, recebem nesta quarta-feira os partidos "ao abrigo do Estatuto do Direito de Oposição" nas habituais reuniões que antecedem a entrega da proposta do executivo, que dará entrada no parlamento no dia 11 de outubro.
O PSD, o BE, o PCP, o CDS-PP, o PAN, o PEV, o Chega e a Iniciativa Liberal estão a ser recebidos durante a manhã. Para a tarde, pelas 16h30, estão marcados os encontros com as duas deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira, respetivamente.
A votação na generalidade do Orçamento do Estado para 2022 está marcada para 27 de outubro e a votação final global do documento agendada para 25 de novembro.