Os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) chegaram, esta sexta-feira madrugada, a acordo sobre “sanções em massa” que serão “dolorosas para o regime russo”, anunciou o presidente do Conselho Europeu.
“Tomámos a decisão política de acrescentar um pacote adicional de sanções em massa, que será doloroso para o regime russo”, anunciou Charles Michel.
A decisão foi tomada numa cimeira de urgência em Bruxelas dos chefes de Governo e de Estado da UE, entre os quais o primeiro-ministro português, António Costa, ocasião na qual os líderes europeus tiveram “oportunidade de reafirmar a firmeza de posição, esta mão em conjunto com os nossos aliados e amigos”, dada a invasão russa a várias cidades ucranianas.
De acordo com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, “o pacote de sanções maciças e direcionadas aprovado hoje à noite mostra como a UE está unida". Em primeiro lugar, este pacote inclui sanções financeiras, visando 70% do mercado bancário russo e as principais empresas estatais, incluindo na defesa.
"Em segundo lugar, visamos o sector energético, uma área económica chave que beneficia especialmente o Estado russo", continuou a von der Leyen. "A nossa proibição de exportação atingirá o sector petrolífero, impossibilitando a Rússia de modernizar as suas refinarias".
Em terceiro lugar, a UE vai proibir a venda de aeronaves e equipamento às companhias aéreas russas e, em quarto lugar, limitar o acesso da Rússia a tecnologia crucial, tal como semicondutores ou software de ponta.
A última sanção diz respeito a vistos. "Diplomatas e grupos e empresários relacionados deixarão de ter acesso privilegiado à União Europeia", disse a presidente da Comissão Europeia.
“O Conselho Europeu apelou aos órgãos apropriados para que tomassem as medidas legais para as sanções”, adiantou Charles Michel, falando em conferência de imprensa no final do encontro.
Vincando que “o mundo e o sistema baseado em regras foi atacado de uma forma muito dolorosa”, o responsável notou que “o debate desta noite foi uma oportunidade de expressar a firme condenação desta agressão militar”.
“Também discutimos o apoio ao povo ucraniano para mobilizar a capacidade de financiamento do apoio humanitário”, concluiu.
A Rússia lançou na madrugada de quinta-feira uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocou pelo menos meia centena de mortos, 10 dos quais civis, em território ucraniano, segundo Kiev.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo dos seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança das Nações Unidas.