As Forças Armadas da Síria anunciaram esta sexta-feira que entraram num setor da região norte do país, após um pedido de ajuda das milícias curdas face à ameaça de ofensiva por parte da Turquia. As Forças Armadas da Síria disseram estar a responder a apelos de residentes na localidade de Manbij e prometeu segurança para todos os residentes na região.
As milícias curdas Unidades de Proteção Popular (YPG) pediram esta sexta-feira ao presidente sírio Bashar al Assad ajuda para proteger o norte da Síria da anunciada ofensiva turca, na sequência da decisão de retirada das tropas norte-americanas do país.
O grupo informou que retirou as suas tropas da região de Manbij e que cede o seu controlo às forças governamentais.
“Convidamos as forças do Governo sírio, que estão obrigadas a proteger o país, a nação e as suas fronteiras, a tomarem o controlo das áreas de onde se retiraram as nossas forças, em particular de Manbij, e a proteger essas áreas contra uma invasão turca”, afirmou o grupo em comunicado.
As YPG asseguraram que, a partir de agora, se concentrarão na sua ofensiva contra o grupo extremista Estado Islâmico, próximo da fronteira com o Iraque.
Numa reação quase imediata ao anúncio, Moscovo congratulou-se com a entrada do exército sítio na zona ameaçada pela ofensiva turca.
O porta-voz do Kremlim, Dmitry Peskov, considerou este desenvolvimento como “um passo positivo” que pode “estabilizar a situação”.
“Evidentemente, isto vai no sentido de uma estabilização da situação. O alargamento da zona de controlo das forças governamentais (…) constitui sem qualquer dúvida uma tendência positiva”, disse Peskov à imprensa.
A entrada das forças governamentais em Manbij acontece um dia antes de Moscovo receber altos responsáveis turcos para discutir a crise na Síria, após o anúncio surpresa do presidente norte-americano, Donald Trump, de retirada dos cerca de 2 mil soldados que na Síria apoiavam as milícias curdas na ofensiva contra o Estado Islâmico.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou a 12 de dezembro que está a preparar uma ofensiva no norte da Síria contra as YPG, consideradas por Ancara uma extensão na Síria do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, proibido e que combate o Estado turco desde 1984).
Os curdos controlam quase todo o nordeste da Síria e Ancara receia que conquistem algum tipo de autonomia que venha a ter impacto nas reivindicações dos cerca de 15 milhões de turcos de etnia curda.
Manbij é uma localidade estratégica da província de Alepo, próximo da fronteira turca, e era controlada pelas YPG desde 2016, quando expulsaram o Estado Islâmico com a ajuda dos Estados Unidos e da coligação internacional.