Mais de 40 pessoas foram detidas em Espanha esta quarta-feira no segundo dia consecutivo de manifestações contra a detenção do rapper Pablo Hasél, por injúrias à monarquia.
Imagens disponibilizadas pelas agências internacionais dão conta da intervenção da polícia de choque em várias ruas do centro da capital catalã, depois de arremessados vários objetos, sendo, também, visíveis os indícios de atos de vandalismo, com caixotes do lixo incendiados que obrigaram à intervenção dos bombeiros.
Segundo os números da Guarda Urbana, cerca de 2.200 manifestaram-se naquela cidade contra a prisão de Pablo Hasel, detido por injúrias à monarquia e glorificação do terrorismo, através das suas mensagens na rede social Twitter e das letras das suas canções.
A polícia regional catalã, os Mossos d’Esquadra, montaram um forte dispositivo anti-motim à volta dos Jardinets de Gràcia, onde o protesto teve início, e identificaram e revistaram alguns dos participantes na manifestação.
A concentração começou por volta das 19h00 e seguiu até à Praça da Catalunha e depois para a Praça Urquinaona, onde foram erguidas as primeiras barricadas e onde os Mossos d’Esquadra dispararam os primeiros projéteis viscoelásticos.
Os manifestantes entoaram ‘slogans’ como “liberdade Pablo Hasel” e “os Bourbons são ladrões”, e exibiram faixas com a frase “morte ao Estado fascista”, pronunciada pelo ‘rapper’ no momento da sua detenção.
Os manifestantes arremessaram objetos, vidros e ferros contra a polícia, e provocaram vários incêndios.
Protestos semelhantes ocorreram noutras cidades como Lleida, Girona e Tarragona, sendo que, esta quarta-feira, a polícia contabilizou, pelo menos, 29 detenções em toda a Catalunha, de acordo com o jornal "El Mundo".
Os protestos, que foram convocados através das redes sociais, também alastraram a Madrid.
Há registo de confrontos entre a polícia e grupos de manifestantes frente à sede da Comunidade de Madrid, o que levou à intervenção da polícia de choque para dispersar os protestos.
Na Porta do Sol, grupos de manifestantes ostentando cartazes com frases como “Liberdade Pablo Hasel. Amnistia total” ou “Pablo Hasel liberdade, fora a justiça franquista”, arremessaram mobiliário urbano e outros objetos contra membros das Unidades de Intervenção da Polícia (UIP), que tiveram de recorrer a cargas policiais para tentar conter a violência.
Alguns dos manifestantes arrancaram pedras da calçada e atiraram-nas contra a polícia, que conseguiu encurralar os mais violentos num canto da praça, e acabou por fazer uso de balas de borracha e gás lacrimogéneo.
Os manifestantes incendiaram contentores, derrubaram as vedações que cortavam o acesso à boca do Metro, que está em obras, e atingiram os quiosques da praça com garrafas de vidro que os manifestantes atiraram à polícia.
A maior parte dos manifestantes são jovens que estão contra a condenação imposta pelo Supremo Tribunal a Hasél pelos crimes de glorificação do terrorismo, insultos e calúnias contra o rei emérito, Juan Carlos, e as forças de segurança do Estado.
De acordo com os números da polícia espanhola, os distúrbios na capital resultaram na detenção de 15 manifestantes. Cinco agentes da Polícia Nacional ficaram feridos sem gravidade. Na Catalunha, contam-se 29 pessoas detidas e outras quatro em Granada.
Os factos remontam a 2014 e 2016, aquando a publicação de uma canção no YouTube e dezenas de mensagens no Twitter, acusando as forças da ordem espanholas de tortura e homicídios. As acusações do rapper visaram, também, o rei emérito Juan Carlos e o atual monarca Felipe VI.
Os incidentes desta quarta-feira somam-se aos registados esta terça-feira em vários pontos da Catalunha como Barcelona, Lleida, Girona e Tarragona e na cidade de Valência.
Na segunda-feira, Pablo Hasél barricou-se na Universidade de Lleida com um grupo de apoiantes. A ocupação durou até ao dia seguinte, quando a polícia catalã fez desalojou os barricados e levou Hasél para a prisão.
[notícia atualizada às 23h50]