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O ataque no Centro Ismaelita de Lisboa é “um ato inédito”, afirma o coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR). André Costa Jorge defende que é preciso “fazer mais e melhor”, nomeadamente, em matéria de apoio psicológico.
Da sua experiência de mais de 15 anos no acolhimento de refugiados e de mais de 20 anos de trabalho com população migrante de trabalho já viu muitos casos de desespero, “em que as pessoas até demonstram alguma agressividade aqui acolá pela situação em que se encontram, pelo sofrimento, porque passam, mas nunca aconteceu uma situação deste género”.
André Costa Jorge vinca que este foi um caso isolado de que não há memória e receia que venha levantar suspeitas sobre a comunidade afegã, que “não correspondem à realidade”.
Defende, por isso, que não se pode fazer uma generalização para todos os refugiados. Este responsável salienta que estes refugiados estão sujeitos a “uma pressão muito grande de adequação das suas expectativas”, segundo a experiência que tem, através do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS), onde foram acompanhados mais de 200 afegãos.
Reconhece que este acontecimento “acaba por lançar sobre os refugiados de uma maneira geral, e em particular sobre os refugiados afegãos, uma suspeita que nós não encontramos de todo no terreno, não encontramos nas pessoas que acompanhamos, antes pelo contrário, encontramos sempre pessoas muito afetuosas, pessoas muito disponíveis para aprender e para aprender a língua do país de acolhimento”.
André Costa Jorge crê, por isso, que este é um ato isolado, “que não pode ter uma leitura generalizada”.
Apoio psicológico deve ser reforçado no processo de integração
O coordenador da PAR defende que o acompanhamento dos refugiados deveria ter em conta a dimensão da saúde mental, defendendo um maior investimento nesta vertente. Lamenta que este seja um aspeto “muitas vezes negligenciado no processo de integração, que, às vezes, privilegia mais dimensões como o acesso ao emprego”.
André Costa Jorge dá como exemplo aquilo que é feito no JRS e na PAR, onde, há muitos anos, foi criada uma “rede de apoio da saúde mental que congrega uma rede de psicólogos e de psiquiatras e de outros especialistas, incluindo também intérpretes”.
Este responsável destaca que é dada formação a intérpretes na área da saúde mental para que “possam ajudar neste processo terapêutico, numa fase em que os refugiados ainda não dominam a língua do país de acolhimento, é muito importante que as pessoas comuniquem porque as relações terapêuticas assentam na comunicação”.