Os resultados do Sínodo da Amazónia poderão revolucionar a forma como a Igreja tem encarado a diferença. Esta é a convicção do professor de Teologia da Universidade Católica, Juan Ambrosio, manifestada nas jornadas nacionais da Pastoral Social, que terminam esta quinta-feira em Fátima.
Baseando-se nas propostas dos círculos menores do Sínodo, que apontam para a necessidade de a Igreja não impor a sua visão, mas reconhecer a presença de Deus também na espiritualidade dos indígenas, o docente afirmou à Renascença que se trata de uma postura que terá impacto em toda a Igreja.
“A expressão 'colonialista' parece-nos lá muito longe, nós já não somos colonialistas. Mas depois, quando pensamos, por exemplo, que a teologia que ensinamos naqueles locais tem o corte europeu, isso é importante. Porém, também é importante dizer a realidade. A mesma realidade que é Deus, a mesma revelação que é Deus, mas dizê-la com a cultura dos locais onde está, com os traços, com uma reflexão própria”, explicou.
Para Juan Ambrosio, em causa neste Sínodo não está apenas a Amazónia, mas toda a forma da Igreja se apresentar ao mundo e dele cuidar.
“Esta cultura destes povos não é simplesmente uma cultura folclórica, de penas, de coisas bonitas. É uma sabedoria, é uma maneira de viver a vida e de nos relacionarmos com Deus. E estas maneiras são maneiras válidas e complementares. Uma Igreja que queira ser verdadeiramente uma Igreja Católica tem que saber incorporar estas maneiras”, resumiu.
Se a palavra colonialismo for entendida como “uma só maneira de ser cristão, uma só maneira de se rezar, uma só maneira de nos relacionarmos com Deus”, terá de ser feito um caminho de respeito pela diferença e diálogo e comunicação com os povos.
“Vamos ter que, de facto, fazer aí um outro caminho e de nos abrirmos a uma pluralidade com a capacidade de incluir diversas sensibilidades, diversas culturas, diversas maneiras de se relacionar com Deus”, concluiu.