A Ordem dos Médicos lamenta que só agora a ministra da Saúde decida abrir concursos para contratação de recém-especialistas. Carlos Cortes, da secção do Centro da Ordem, lembra que há três meses que mais de mil médicos aguardam pela abertura de concurso.
“Acho que é uma situação absolutamente lamentável e vergonhosa para o Ministério da Saúde, perante todas as dificuldades que nós conhecemos de falta de médicos, havendo a possibilidade de os contratar imediatamente depois de eles terminarem o seu internato da especialidade”, começa por dizer à Renascença.
Carlos Cortes lembra que há 1.212 “jovens médicos especialistas à disposição do Ministério da Saúde desde o final de março” e “ainda hoje não temos um concurso, um mapa de vagas para colocação destes profissionais onde eles são necessários”.
Na segunda-feira à noite, depois de um fim de semana difícil nas urgências de muitos hospitais, sobretudo no serviço de obstetrícia, a ministra da Saúde anunciou a abertura do concurso para recém-especialistas durante esta semana. É uma das medidas no âmbito do plano de contingência anunciado por Marta Temido que, com o Verão à porta, promete agora maior organização dos serviços e possível reforço de remunerações dos médicos.
O dirigente da secção Centro da Ordem dos Médicos critica o facto de só agora, “quando tudo já está a acontecer” seja feito alguma coisa.
“A ministra da Saúde referiu que este era um problema recorrente. Ela até falou recorrente desde há pelo menos três ou quatro anos nesta altura. É de facto surpreendente fazer uma afirmação dessas, porque se estamos perante um problema recorrente de falta de médicos, com impacto sobre a prestação dos cuidados de saúde fundamentalmente das urgências, então o Ministério da Saúde já se devia ter preparado, já devia ter desenvolvido um plano para evitar que este problema volte a acontecer. Não é em cima do acontecimento e já de forma muito tardia”, defende.
Na segunda-feira, depois de reuniões com várias entidades do setor, Marta Temido garantiu que tudo será feito para evitar situações como as que se viveram nos últimos dias.