O Governo só recorreu ao apoio jurídico do Estado no dia seguinte à conferência de imprensa em que foi demitida a CEO da TAP e o presidente do conselho de administração.
A revelação foi feita esta quinta-feira por Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda (BE), que já consultou os documentos enviados pelo Governo e que estão guardados na chamada “sala secreta”.
“Convocar o departamento jurídico do Governo para apoiar esta decisão, parece-nos ser um método correto, mas há um problema, é que ele foi iniciado no dia a seguir à conferência de imprensa em que é demitida a CEO e o chairman da TAP e, portanto, isto nada diz sobre a robustez do parecer escrito, ou melhor, do parecer, não da decisão que dá origem à demissão”, revelou Mariana Mortágua.
Em declarações aos jornalistas, nos Passos Perdidos, Mariana Mortágua revela ainda que a Presidência da República foi informada sobre as diligências e o pedido da agência de viagens para alteração de um voo de Moçambique para permitir que o Presidente da República chegasse mais cedo a Portugal.
“A troca de emails confirma que a iniciativa de pedido de alteração do voo partiu da agência de viagens, mas que nesse mesmo dia a agência de viagens deu conta dessas diligências ao gabinete da Presidência e, portanto, há um e-mail em que é informado o gabinete da Presidência de que foi contactada a administração da TAP para aferir da possibilidade de alteração do voo, uma vez que tal já tinha acontecido no passado. Não temos nenhuma outra evidência de contactos subsequentes acerca desta matéria”, disse a deputada bloquista.
Desde esta manhã que os deputados estão a consultar os documentos enviados pelo governo e por outras entidades.
A deputada do Bloco disse ainda aos jornalistas que, dos documentos enviados, não se consegue provar que a reunião da CEO com assessores do Governo e um deputado socialista, Carlos Pereira, para preparar uma audição, tenha sido a pedido da própria CEO, mas, de forma indireta. Poderá ser essa a conclusão, já que há uma mensagem de WhatsApp do ministro João Galamba onde o ministro escreve isso mesmo a um assessor.
“Há um WhatsApp, em que o Ministro João Galamba pergunta a um adjunto seu se a CEO pode participar dizendo que tinha pedido para participar nessa reunião, não temos evidência do pedido da CEO. Temos apenas evidência do pedido do Ministro João Galamba para a CEO participar, tendo ela pedido essa participação”, conclui Mariana Mortágua.
[notícia atualizada]