No início da segunda semana na corrida às eleições, o Bloco de Esquerda (BE) foi, pela segunda vez, a Setúbal, apostado em recuperar o segundo deputado que perdeu nas últimas legislativas. E até há um motivo extra: o círculo eleitoral passou a eleger nestas eleições 19 deputados, mais um do que em 2022.
O regresso do partido ao distrito foi feito com confiança, com a coordenadora do Bloco, Mariana Mortágua, a mostrar-se otimista numa maioria de esquerda a 10 de março e a apontar condições a um acordo.
“Esse entendimento tem de ter conteúdo. E o voto no Bloco é a garantia de um acordo com a esquerda, mas esse acordo é feito para baixar o preço da prestação da casa, para baixar a renda e salvar o SNS”, defendeu Mariana Mortágua durante a arruada nas ruas de Setúbal.
E perante o cenário de governabilidade à esquerda, apontado na mais recente sondagem e que atribuiu uma subida nas intenções de voto no BE, há que convencer para um reforço do partido nas urnas.
Coube à cabeça de lista por Setúbal, Joana Mortágua, apontar o primeiro argumento no comício da noite.
“Quer saber, António Costa quem pode fazer melhor que o PS? O Bloco de Esquerda”, vincou a deputada perante algumas centenas de militantes na Escola Sebastião da Gama.
Luis Fazenda, outro dos oradores da noite, recuou até ao governo da geringonça para defender o Bloco como o único partido capaz de colocar um travão do PS.
“Temos a independência política e a firmeza necessária para essas negociações. Sim, fomos nós, BE, que soubemos dizer sim a António Costa e dizer não a António Costa”, ainda, que “tivéssemos de pagar duríssimas penas por essas decisões”.
O tweet de "mau gosto"
Mas a corrida dos bloquistas às eleições ficou marcada por nova troca de acusações com o Chega. Desta vez, foi um tweet de um militante bloquista a prometer anular os votos da AD e do Chega que serviu de acha para a fogueira entre Ventura e Mariana.
O assunto mereceu os esclarecimentos da líder bloquista, que reconheceu tratar-se de uma “piada de mau gosto” que “não deveria ter acontecido”. Mortágua devolveu o ataque, e comparou a André Ventura a um “aprendiz de Bolsonaro” que, tal como o ex-presidente brasileiro, quer colocar em causa as eleições.
“Infelizmente é o que vemos na extrema-direita, que não tem qualquer problema ou pudor em lançar suspeitas sobre processos democráticos. Dão-se mal com os processos democráticos”, referiu durante uma viagem de barco de Setúbal a Troia.
Dessa viagem saiu uma promessa: questionar todos os dias a origem do financiamento do partido de André Ventura.