Catarina Martins. Negociações são caminho “difícil e complexo"
17-10-2015 - 00:47

"Mas é mesmo, mesmo o que temos de fazer", frisou a líder bloquista comentando as negociações com PS e PCP.

A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE) afirma que o caminho das negociações à esquerda "é difícil e complexo" mas tem de ser feito, vincando que há quem "esteja assustado" por o partido não desistir.

"Não podemos desistir, e porque não desistimos há quem esteja assustado (...), Manuela Ferreira Leite está em estado de choque", ironizou a porta-voz, vincando que a antiga líder social-democrata "sempre disse que queria defender as pensões, mas que seja o Bloco de Esquerda a defender as pensões já lhe parece muito mal".

Discursando perante mais de duas dezenas de apoiantes bloquistas na Casa do Alentejo, em Lisboa, Catarina Martins afirmou que o caminho das negociações que o Bloco está a levar a cabo com o PS e o PCP "é difícil, é complexo".

"Mas é mesmo, mesmo o que temos de fazer", frisou.

Também o vice-primeiro-ministro Paulo Portas e os mercados mereceram críticas por parte da porta-voz bloquista, arrancando risos à plateia.

"Paulo Portas lembrou-se de vir defender os eleitores do Bloco de Esquerda, diz que isto é terrível o BE pensar ir para um Governo (...) ou discutir soluções de um Governo para o país isso é terrível porque é desrespeitar o sentido de voto", afirmou a dirigente, acrescentando que "agora que ficou abaixo do Bloco de Esquerda, aparentemente acha que pode ser Governo e que o Bloco não pode discutir soluções de Governo".

Catarina Martins, que falava perante uma sala cheia de apoiantes bloquistas, numa sessão pública com o objectivo de consultar militantes do partido em relação ao futuro governativo do país, revelou ter ficado espantada por ter lido que as bolsas de valores teriam medo de si, e referiu que "ver o medo mudar de lugar é muito bom".

Em relação aos compromissos europeus, a porta-voz do BE vincou que "a Comissão Europeia bem pode querer o orçamento no dia em que quiser, primeiro tem de haver um Governo", pois o processo "tem de ser bem feito".

Catarina Martins aproveitou também para sublinhar que ao Bloco não interessa "o cheiro a poder".

"Sendo certo que o BE não tem os votos para fazer Governo, tem com certeza a força para ajudar com responsabilidade a determinar políticas de um outro Governo, respeitando o resultado eleitoral", acrescentando que "o empenho do partido não é construir um Governo para o qual não tem legitimidade".

A deputada do BE vincou também que o partido "não abdica daquilo que afirmou na campanha eleitoral, mas sabe centrar-se no que é essencial num processo de convergência em que a convergência é essencial de todas as partes para que haja mudança real no país".

"Não faremos parte de uma solução de Governo que querendo ser mudança não a seja", frisou, assumindo que a questão da reestruturação da dívida é "uma questão inultrapassável" mas não limita diálogos com PS e PCP.

Catarina Martins declarou ainda que o partido tem estudado muito e que espera que "rapidamente todas as partes envolvidas no processo possam ter os mesmos números apresentados, como o Bloco tem feito".