O presidente do Tondela, Gilberto Coimbra, estranha as "certezas" de alguns clubes em relação aos estádios que utilizarão a partir de junho, na retoma do campeonato.
Famalicão, Moreirense, Santa Clara e Belenenses SAD já decidiram mudar de casa até ao final da época. Por razões diferentes, estes clubes não aguardaram pela vistoria aos seus estádios. Açorianos e lisboetas vão jogar na Cidade do Futebol, em Oeiras; os famalicenses deslocam-se para o Estádio Cidade de Barcelos, casa do Gil Vicente, e os cónegos mudam-se para o D. Afonso Henriques, em Guimarães.
Em Bola Branca, Gilberto Coimbra lamenta que o processo se arraste e lembra que as vistorias decorrem e, por isso, nada ainda está definido. Nesse sentido, o presidente do clube de Viseu não entende como há emblemas a afiançar que atuarão em determinados recintos específicos quando a bola voltar a rolar.
"Há alguns clubes que vão jogar não sei onde, outros já têm articulado para ir jogar não sei onde. Há aqui qualquer coisa. Com todo o respeito por toda a gente, não percebi muito bem. Há duas semanas que andamos nisto. Já estavam os estádios entregues, o mais concentrados e o menor número possível, depois vêm contrariar que afinal não eram aqueles estádios", afirma o dirigente.
Gilberto Coimbra não tem certezas em relação ao estádio onde o Tondela irá atuar como visitado e prefere aguardar pelos resultados das vistorias.
"Outros vêm dizer que vão jogar com certezas absolutas. Quando ainda ninguém tem certezas, já há certezas de ir jogar-se a Guimarães, à Cidade do Futebol, ou a 'não sei onde'. Não sei, estou à espera. O Tondela vai aguardar serenamente", promete o dirigente dos beirões.
Todavia, Gilberto Coimbra preferia que a definição dos palcos ocorresse com mais tempo, sob pena de surgirem arrependimentos "à posteriori".
"Muita coisa vai ter de ser feita, que depois se arrependerão. E com pressa. Mas, no mínimo, temos de entender. Temos de ser o mais razoáveis possível e de tentar resolver os problemas da melhor forma. Se me diz que 'se tudo fosse feito com mais tempo, seria melhor', com toda a certeza. Porém, é mais fácil dizê-lo do que tomar decisões e elas têm de ser tomadas. Respeito muito quem tem de tomar decisões. Quando fomos avisados? Há dois, três dias", revela, nestas declarações a Bola Branca.
Quem paga os custos extra?
Dando como preferência atuar como anfitrião, de facto, no Estádio João Cardoso, o Tondela não deixa de equacionar alternativas. E, chegados aqui, a ideia é receber os cinco adversários que faltam o mais perto possível da cidade.
O líder do clube apresenta, no entanto, mais uma dúvida: quem paga às equipas que tiverem de se afastar do seu, e quiçá menos dispendioso, "habitat"?
Gilberto Coimbra tem na cabeça o exemplo do Santa Clara, que se mudará de armas e bagagens para a sede da Federação Portuguesa de Futebol. Já o Marítimo pretende ficar nos Barreiros e o seu caso ainda é uma incógnita.
"Quanto mais deslocação houver, mais custos há. Não sei quem suporta esses custos, [também] noutras circunstâncias e equipas. Nomeadamente com as ilhas. Temos aqui Coimbra e Aveiro [perto] e vamos esperar serenamente", afirma.
Tondela com "cinco jogos em casa e é em casa que eles têm de ser feitos"
Esta quinta-feira, o Tondela foi dos primeiros clubes a ser visitado pelos técnicos da Liga e de uma empresa especializada, que vistoriaram o complexo.
O estádio precisa de preencher condições de múltiplas naturezas, desde questões relacionadas com licenças, seguros, medidas do terreno de jogo, distância entre área técnica e bancadas, infraestruturas de apoio, iluminação, sinalização, acessos ou estacionamento.
O Tondela fica, agora, a aguardar o relatório e parecer final, que - confia - deve passar pela luz verde à utilização do João Cardoso.
"[A vistoria] Correu muito bem, dentro daquilo que esperávamos. O Tondela acha que tem as condições necessárias exigidas pela Liga e pela Direção Geral da Saúde. Disseram-nos que iam apresentar um relatório a quem de direito e vamos aguardar, confiantes de que os jogos - como é a pretensão do Tondela - se vão realizar em Tondela. Estamos na nossa casa, com cinco jogos para fazer em casa, e é onde eles têm de ser feitos. Para a verdade não ser desvirtuada", sustenta o dirigente.
Gilberto Coimbra finaliza ao afirmar, com satisfação, que nenhum elemento da equipa está infetado com a Covid-19, depois de realizados os testes.
"Felizmente, quer a equipa técnica, 'staff', atletas, directores tiveram o máximo de respeito por este 'bichinho'. O tempo tem passado e nada temos em casa", termina.