Marcelo Rebelo de Sousa quer que médicos e Governo cheguem a um acordo rápido - "quanto mais depressa, melhor". O Presidente da República comentou ainda o "alarme" lançado por Fernando Araújo sobre a possibilidade de novembro ser o pior mês da história do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que acha "curioso".
"Penso que isso significa que há condições para um acordo antes do começo do mês, ou digamos assim, muito próximo do começo do mês. Isso era bom para serenar os espíritos em relação ao relacionamento com os médicos", assinalou o chefe de Estado português, em declarações aos jornalistas em Chisinau, na Moldova.
O Presidente português declarou que apenas falta tratar "o problema dos salários" nas negociações que estão a decorrer entre os sindicatos médicos e o ministério da Saúde, pelo que "algum acordo é possível" - desde que o acordo seja conjugado "com as horas extra feitas pelos médicos".
Os médicos voltam a reunir com o Governo na tarde desta terça-feira. No passado domingo foi alcançado um "compromisso" para repor o horário de 35 horas semanais, assim como as 12 horas semanais nas urgências. A contraproposta dos sindicatos prevê um aumento salarial transversal de 30%.
Marcelo Rebelo de Sousa apontou que "é importante que haja um acordo" e que "quanto mais depressa, melhor". Ressalvou, no entanto, que "é mais importante ainda pôr de pé a nova máquina de gestão do SNS" - algo que espera que seja feito "nos próximos três, quatro, cinco meses" e já está "com atraso".
"A equipa é boa para fazer isso. Tem condições para fazer isso, quanto mais depressa o fizer, melhor, porque além de termos os médicos mais serenos, temos os serviços a funcionarem melhor", sublinhou.
Lei de privatização da TAP deve "ir mais longe"
O chefe de Estado comentou também o "alarme" lançado pelo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, Fernando Araújo, acerca da possibilidade de novembro ser o "pior mês" na história do SNS. "Não sei se diria ou teria dito", atirou Marcelo, que considera "curioso um responsável público ou político fazer essa afirmação a 7 dias do começo do mês".
O Presidente da República referiu que, se o Governo "avançar" nos dossiês relacionados com a saúde e educação, "enche o que falta da governação do primeiro-ministro António Costa", e reforçou que quer ver as dúvidas sobre a privatização da TAP esclarecidas no diploma do Governo.
"Estar numa lei garante mais do que estar no Pacto Social. Trata-se de ir um bocadinho mais longe na lei, esclarecendo matérias que depois defendem o Governo, defendem a negociação, defendem o Estado português quando se passa para a decisão administrativa e se passa para o Pacto social", sustentou Marcelo Rebelo de Sousa, para quem há "tempo" para trabalhar no diploma da privatização da transportadora aérea.