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Dois dos cardeais que endereçaram as famosas “dubia” ao Papa Francisco publicaram uma carta aberta, na noite de terça-feira, em vésperas do começo da cimeira sobre abusos sexuais de menores, que começa esta quinta-feira em Roma.
Na sua carta os cardeais Burke e Brandmüller dizem que o abuso sexual de menores é um “crime horrível, sobretudo quando praticado por um padre”, mas acrescentam que este é apenas um sintoma de uma crise muito mais alargada.
“A praga da agenda homossexual tem-se espalhado na Igreja, promovida por redes organizadas e protegida por um clima de cumplicidade e uma conspiração de silêncio”, dizem os cardeais, afirmando que esta realidade radica na “atmosfera de materialismo, relativismo e hedonismo em que se coloca em questão a existência de uma lei moral absoluta, sem exceções.”
Raymond Leo Burke e Walter Brandmüller são dois dos quatro cardeais que em 2016 publicaram uma lista de perguntas feitas ao Papa Francisco, pedindo clarificação sobre pontos de doutrina que, na sua opinião, estariam postos em causa pela decisão de Francisco de abrir os sacramentos, em alguns casos, a pessoas em situações matrimoniais irregulares. Os restantes dois cardeais já morreram e o Papa nunca respondeu às perguntas.
Burke e Brandmüller aludem a esta recusa do Papa em responder às suas perguntas e dizem que “face a esta situação, cardeais e bispos estão em silêncio”. Depois, perguntam aos bispos que vão participar na cimeira sobre abusos sexuais se também eles se vão manter em silêncio durante o encontro. “Encorajamos-vos a erguer a voz para salvaguardar e proclamar a integridade da doutrina da Igreja”, dizem.