A poucas semanas do Natal e, talvez, atarefados com a lufa-lufa dos presentes, das compras, dos petiscos e doces, vale a pena ouvir quem, por causa da guerra, não tem nada disso. Sobretudo, saber como é ser cristão em lugares onde se corre perigo de vida. A irmã Guadalupe vive em Alepo desde os tempos em que era uma cidade de paz e bem-estar, como no resto da Síria. Agora, Alepo está destruída. Nos últimos anos, a vida dos cristãos seria mais fácil se abandonassem a fé para aderir ao Islão, mas esta missionária garante que a maioria dos fiéis não só permanece firme, como, paradoxalmente, a sua vida ganha mais sentido.
Guadalupe é argentina e pertence à família religiosa do “Verbo encarnado”, uma congregação fundada na Argentina, com apenas 30 anos de vida. A congregação missionária está espalhada pelos cinco continentes e em missões muito complicadas. O padre Carlos Miguel Buela, fundador da ordem, quer que os seus membros vão “para aqueles lugares onde ninguém quer ir”.
É por irem para onde mais ninguém quer que têm tanto sucesso e tantas vocações?
Pode ser. O padre Buela, quando lhe perguntam sobre o que pregamos para termos tantas vocações, responde “pregamos a cruz”, ou seja, não prometemos a ninguém uma vida cómoda nem fácil nas missões, mas a cruz atrai os corações generosos dos jovens que querem entregar-se a Deus na missão.
Mas como é que a cruz hoje pode atrair?
Bem, foi o próprio Jesus Cristo que o disse: “Quando for elevado sobre a Terra, atrairei todos a Mim”. É um mistério ver como a cruz nos atrai, ainda que seja algo negativo do ponto de vista humano, como é o sofrimento, a dor, a negação, a renúncia… no entanto, são coisas que conduzem á liberdade, à plenitude e que, em última análise, levam à salvação. A cruz leva à glória e à ressurreição.
A irmã Guadalupe está a dizer isto com um ar evidente. Mas, no nosso mundo, para quem a está a ouvir, pode pensar que isto é uma espécie de masoquismo…
Só que, por exemplo, a experiência que temos na Síria mostra perfeitamente como o sofrimento, a renúncia e o sacrifício é algo positivo na nossa vida, algo valioso que traz benefício para a vida pessoal do ser humano. Basta ver, por exemplo, o caso dos nossos jovens. A nossa experiência é que, antes da guerra, tinham tudo, eram caprichosos, consentiam tudo, eram mimados, descontentes e desenganados, porque tinham tudo e sem força de vontade para avançar, queriam sempre mais e diferente, porque tinham muita facilidade económica. Agora, por causa do sofrimento, da escassez e da necessidade, do sacrifício e da perseguição, tornaram-se fortes, livres e alegres. Ou seja, os factos e a experiência são a melhor prova. Quando a pessoa sabe enfrentar o que é difícil, torna-se forte. Não é preciso muito para explicar isto.
Qual é o segredo para, através do sofrimento, ter um gosto diferente pela vida? Qual é o segredo da alegria?
Creio que isto também é um desafio. Porque, na realidade, o sofrimento que se vive na Síria é sentir como todas as coisas nos são arrebatadas, das nossas mãos…
Por exemplo?
No fundo, são coisas materiais, são bens materiais e até a própria vida, que é o dom mais precioso, mas não deixa de ser um bem material, físico. Enquanto agora eles podem experimentar que nas verdades eternas, transcendentais e espirituais ninguém pode tocar. É isso que lhes dá liberdade e alegria, é o que dá serenidade a esses cristãos. É isso que agora vemos: estão mais firmes do que antes, por causa do sofrimento.
Vamos por partes. Como foi o seu percurso de religiosa?
Entrei para o convento com 18 anos e terminei com 23 anos os meus estudos de espiritualidade, de filosofia, de teologia e de formação para a missão e vida religiosa. Aos 23 anos, quando acabei os estudos, os meus superiores propõem-me um primeiro destino de missão, apesar de não sermos obrigados a aceitar logo esse destino e de ouvirem as nossas preferências. Propõem-me Belém, no Médio Oriente, para reforçar a nossa comunidade naquela zona, onde estavam apenas três irmãs a estudar árabe e a fazer apostolado em Belém. Entendi que a proposta era a voz de Deus e aceitei. Já lá vão quase 20 anos de missão, em vários países do Médio Oriente.
E depois, como chegou a Alepo?
Fui superiora provincial de toda a região do Médio Oriente, por isso, tive de viajar muito para conhecer as várias realidades. Quando, em 2010, terminei o cargo, estava muito cansada e esgotada, por isso, pedi um lugar tranquilo para recuperar a saúde e poder descansar durante uns anos, ou seja, pedi para ir para Alepo. Conhecia a nossa comunidade em Alepo, tinha-a visitado várias vezes e sempre me chamou a atenção a calma, a tranquilidade e a paz daquele país. A Síria era um paraíso comparada com o resto do Médio Oriente. Por isso, fui para a Síria carregada de livros para continuar a estudar e para ter uma vida tranquila…
Foi uma testemunha directa do que aconteceu?
O início foi, praticamente, uma invasão do exterior. A imprensa definiu os conflitos como sendo uma guerra civil, mas na Síria nunca houve guerra civil. Não foi o povo quem se levantou contra o governo, isso é mentira, foi uma desculpa para “vender” esta tese ao ocidente e, assim, ter razões para apoiar os grupos rebeldes e os grupos terroristas, para avançarem com outros planos que têm por detrás interesses económicos.
Quem tem esse interesse?
Há muitos interessados no assunto, obviamente, países do Médio Oriente, wahabitas, sunitas - como a Arábia Saudita, que lidera tudo isto – e também a comunidade ocidental em geral, por causa dos interesses económicos. Toda a comunidade internacional, praticamente, apoiou a revolução desde o início, com medidas e sanções económicas por parte da UE à Síria. E depois, com apoio directo no armamento e na compra de petróleo aos grupos terroristas e aos rebeldes, que não são grupos sírios. É preciso entender que não é povo, mas grupos terroristas, são mercenários pagos.
Porque há outros interesses, escondidos?
Exactamente, há muitos interesses naquela zona. A Síria é um país importante no Médio Oriente, é muito rico, um país-chave para o comércio. E era também muito independente, pois não se submetia facilmente aos poderosos do mundo. Por isso, incomodava muita gente.
Como é que foi a sua vida a partir do momento em que começaram a entrar estes terroristas?
A vida mudou de um dia para o outro. Não foi progressivo, mas de um dia para o outro. Começámos a ver helicópteros, aviões, bombardeamentos, explosões, tiros e balas a entrar pelas janelas… foi terrível, estivemos duas semanas fechados em recolher obrigatório. Também recordo que subimos ao terraço e sentámo-nos para ver os aviões, era impressionante, parecia que estávamos a ver um filme, mas era real…
E medo?
Não tivemos medo, creio que foi uma graça de Deus. No meu caso, que sou humanamente medrosa, foi uma graça de Deus. Aliás, nunca pensei que poderia viver uma situação destas. Se, antes me tivessem perguntado, eu teria dito que não conseguiria. Mas a verdade é que estivemos lá muito bem, contentes, serenos, tranquilos e até felizes por estarmos lá, sem querer ir embora.
Porquê?
Suponho que é por participarmos, de algum modo, da graça dos mártires. Porque Deus assiste de modo especial estes cristãos que dão a sua vida para O testemunhar. Deus não os abandona, pelo contrário, assiste-os de modo especial e nós, de alguma maneira, também beneficiamos disso.
Como é o quotidiano em Alepo? Quando acorda, pensa que será talvez o último dia, uma vez que não sabe o que vai acontecer com a sua vida?
Claro. Quem vive lá, compreende claramente que a vida é curta e que o último momento pode chegar hoje. Então, vive-se cada dia como se fosse o último. Vive-se com muita intensidade. É o que vemos nos cristãos, ali não perdem tempo, não deixam coisas para amanhã, porque não sabem se vão acordar amanhã.
Quer dar exemplos?
Por exemplo, o modo como as pessoas têm uma vida sacramental, vê-se na frequência do sacramento da confissão, na participação da missa dominical e também na missa diária, ou seja, querem ter sempre a alma bem preparada, querem estar prontos, pois não se sabe quando pode chegar o momento da morte. Mas, ao mesmo tempo, continuam com a vida quotidiana - é mesmo heróico, não é? - porque as pessoas continuam com o seu dia-a-dia, os miúdos vão para a escola e os estudantes prosseguem os estudos. Nós temos, em Alepo, uma residência para estudantes universitárias das aldeias e elas continuam a estudar e acabam os cursos, casam-se e a vida continua. É impressionante, porque é mesmo assim, a vida continua…
Mas continua num contexto de destruição, sem casas, sem comida, sem água…
Sim, claro, com escassez e com perigo. Os riscos são terríveis, mas creio que a fé é a única coisa que pode dar sentido a tudo isto.
Há quanto tempo é que isto dura?
Praticamente, há cinco anos.
E não perdem a esperança?
Posso dizer que, de certo modo, a esperança deles mudou. Inicialmente, talvez a sua esperança fosse mais humana e agora têm uma esperança sobrenatural. Eles esperam o Céu, não esperam outra coisa. Dão-se conta de que esta terra pouco ou nada lhes pode dar, por isso, têm os olhos fixos no Céu, porque o Céu não muda e dá-nos um prémio que vale a pena.
Quando chegam os terroristas do autoproclamado Estado Islâmico, a vida ficaria mais facilitada se a população aderisse ao islão, mas muitos continuam cristãos. Porquê?
De nenhuma maneira aceitam tornar-se muçulmanos, está fora de questão, nem sequer a fazer de conta - aliás, é impossível fazer de conta, porque eles mudam logo os documentos e todo o estilo de vida da pessoa; não é simples nem fácil disfarçar-se de muçulmano e continuar cristão. Eles não aceitam porque, para eles, é muito claro; costumam dizer: “Perder a vida eterna em troca de um par de anos a mais cá na terra? Perder o Céu, negociar o Céu para ter mais uns anos neste vale de lágrimas? Nem pensar”. Para eles, está fora de questão. É impressionante ver como estão tão decididos, convencidos e firmes quando dizem: “Sou cristão - matem-me ou façam o que quiserem, mas o Céu ninguém mo tira”.
Este contexto de certeza absoluta sobre quem é Jesus e o que significa, aqui na Europa, não é assim tão evidente.
A diferença é, de facto, muito marcante. Lá, os cristãos não são só cristãos de nome, nem de vez em quando, mas sim todas as vinte e quatro horas, diante de todos e onde quer se seja. E sabem que isso, provavelmente, pode significar o martírio. Faz parte do seu programa de vida, ou seja, dar testemunho desse amor pleno até às últimas consequências. E o resultado é ver gente feliz, com plenitude, e livre. Ora, quando olhamos para o Ocidente, o que vemos? Vemos gente aborrecida, cansada e desenganada que não encontra paz ou sossego em coisa nenhuma. E porquê? Simplesmente, porque estão a viver o cristianismo medianamente, com tibieza e isso não dá plenitude a ninguém.
Aqui é frequente muitos dizerem “sou católico não praticante”…
Sim, isso é recortar a fé à medida que mais me convém. Ou seja, vivo estes mandamentos e regras da Igreja que gosto mas o que não gosto, não o vivo. Ora a questão é outra. Quem escolhe é Jesus Cristo e mais ninguém; e se é Jesus Cristo quem escolhe a maneira e o modo, se eu não estou de acordo, então não sou cristão. E se sou cristão, então, sou-o a sério, completamente e a toda a hora. Não é uma peça de roupa que se põe ou tira, conforme as circunstâncias.
Lamentavelmente, na Europa, é uma vergonha haver cristãos que parecem clandestinos porque escondem o cristianismo, dissimulando a sua fé e a sua moral, só para não chocar o mundo, para não serem mal vistos, por respeitos humanos, com medo do que as pessoas vão dizer… e se todos fazem, porque não faço eu também? Isto é uma vergonha; é diluir a identidade cristã, tirar-lhe o sabor, perde força, perde forma; é como o sal que perde sabor.
E o que dá sabor no quotidiano, no Iraque, na Síria e, concretamente, em Alepo?
Creio que na Síria concretamente, o que fez despertar os cristãos foi a perseguição. Porque eles também viviam num grande materialismo, tinham uma vida muito mundana e superficial, muito agarrados às coisas deste mundo. Mas quando chegou a guerra e a perseguição, eles despertam e dão-se conta do mais essencial. É isso que nos falta, muitas vezes, não é? Falta uma espécie de abanão. Claro que não é preciso que a perseguição chegue aos nossos países, porque podemos aprender com o que vemos e perceber que o que agora tenho pela frente é passageiro, é temporário e que tudo passa. E ver nada disto pode encher a minha alma, por muito importante e grande que seja. O único que enche a alma é a presença de Deus e as verdades transcendentais.
Quando lhe pedem ajuda - imagino que se confronta com muitos momentos de aflição, mães de família que vêm ou pessoas em grande sofrimento, por causa da guerra e da violência - o que lhes diz?
Na verdade, não é difícil consolá-los. Não é difícil, porque eles mesmo já têm a resposta. Aquela gente não se queixa de Deus, não renega a Deus, nem diz “porque tenho de passar por isto? porquê a mim? vou deixar de rezar!”, de modo nenhum! Contam todas as suas aflições e tragédias, choram e lamentam-se, mas no fim concluem “Graças a Deus. Bendito seja Deus.” E também dizem: “Há pessoas que estão a sofrer mais do que nós. E Deus lá sabe porque permite estas coisas na nossa vida”. Eles dão-se conta de que, ainda que humana e materialmente, perderam tudo e estão na pior tragédia que se pode viver, ganham muito espiritualmente. Até os idosos lá da paróquia dizem: “Nós, enquanto cristãos, estávamos a precisar desta purificação da nossa fé”.
Então a cruz purifica?
Exactamente, a cruz purifica. A cruz faz florescer e dá fruto em tudo o que toca.
Pessoalmente, o que aprendeu em Alepo? Considerando que veio da Argentina e assumiu cargos de responsabilidade no Médio Oriente e depois apanha esta situação de guerra e de terror, o que aprendeu?
Aprendi e aprende-se muitas coisas, sobretudo, servindo um povo mártir. Mas talvez uma das coisas que mais me tocou é poder experimentar e verificar o que é confiar em Deus. E como Deus faz o que quer, através de quem quer. Porque não de trata de forças humanas ou habilidades naturais, porque estes mártires que morrem todos os dias são gente como nós, conheço-os, não são pessoas especiais, raras… nada disso, são pessoas normais, com os seus defeitos, medos e limitações e, todavia, vemos como, na altura certa, Deus lhes dá a graça necessária para se manterem firmes. Para nós missionários, isto é a prova de que podemos ser missionários em qualquer lugar… até me podiam dizer para ir à Lua e eu não estranharia, porque Deus arranjaria modo de sermos missionários na Lua. Tudo isto ajuda a perceber que não somos os protagonistas, mas sim Deus. É Ele quem faz; a obra é sua, dentro das almas e dos povos. E isso dá-nos uma confiança e uma liberdade absolutas.
Este conceito de liberdade é muito diferente do culturalmente correcto, porque, no Ocidente, o conceito de liberdade é fazer o que se quer e o que a irmã Guadalupe está a dizer não é bem isso…
Pois, o que se passa é que o conceito de liberdade, entendido como o mundo o entende, de forma mundana, tem como critério “eu sou livre, porque faço o que quero e me apetece”. Ora, isso não é ser livre, porque quem faz o que lhe apetece, torna-se escravo dos seus apetites, não pode decidir nada porque fica escravo das suas inclinações e instintos. Ser livre é ser dono de si mesmo, é tomar uma decisão e levá-la por diante custe o que custar, isso é que é ser livre.
E agora, neste tempo de Advento, de preparação para o Natal, que conselho é que nos dá a nós, que andamos neste frenesim das compras, das comidas, das festas?
A única coisa que acho é que, em muitos sítios, devia-se mudar o nome. Se querem festejar, digam que estão a festejar outra coisa, mas não digam que estão a festejar o Natal. Porque, na verdade, é totalmente ridículo festejar o Natal com a ausência total de Jesus Cristo, que é o protagonista da festa. E se a festa do Natal é festejar o nascimento de Cristo na história, tirá-lo é tirar o sentido da festa. Festejem o que quiserem, mas dêem-lhe outro nome.
Lá na Síria, o Natal é muito especial, porque não há electricidade, por isso, não há árvore de Natal, não há iluminações, não há cânticos de Natal, nem música, não há boa comida, porque não há gás para cozinhar, não há reuniões de família, porque é perigoso e correm-se riscos, claro que não há presentes e, todavia, temos a santa missa da noite de Natal e Jesus Cristo nasce nos corações. E eles dizem que o Natal vivido assim “é a coisa mais bonita que vivemos”, mesmo sem a quantidade de decorações natalícias que nós temos cá fora, mas que às vezes, lamentavelmente, não passam de mera decoração - e para que serve a decoração se falta o essencial da festa e do mistério que estamos a celebrar? Por isso, é vergonhoso ver como o mundo festeja de maneira tão artificial e perde o mais importante.
A irmã Guadalupe não se sente impotente perante a tendência de uma certa indiferença, ou de esconder Jesus, que parece ganhar terreno?
Não, porque temos o privilégio de conhecer os frutos que estão a dar o sangue dos mártires em todo o mundo. Por isso, a nossa visão não é negativa, não estamos sem esperança, nem desanimados, nada disso. Nós vemos como Jesus Cristo vence e o sangue dos mártires vence e supera tudo isto. E apesar de tantos estragos, de tanto mal, de tanto pecado, de tanta indiferença, secularismo e materialismo, os mártires continuam a fazer milagres… e muitos!
Por exemplo?
Milagres de conversão em tantas pessoas - e nós, em particular, temos o privilégio de as conhecer, podemos dar testemunho disso…
Gente que não vem nas primeiras páginas dos jornais, nem nas televisões… conversões discretas e silenciosas, por vezes?
Exactamente, são coisas que não se conhecem, nem se difundem, mas ajudam a perceber que o mal, em última análise, é uma aparência e que não tem substância… por isso, o bem continua a resplandecer e nós continuamos a ver os seus frutos diariamente. Neste sentido, creio que podemos esperar tempos novos, incluindo para a Igreja.
Como podemos ajudar? Estamos em Portugal, que é tão longe de Alepo, da Síria e do Iraque, que tipo de ajuda podemos dar?
Em primeiro lugar, rezar muito por eles. É o que eles mais pedem e nós também: que o mundo reze por eles e que os cristãos no Ocidente os apoiem com as suas orações. Podemos até dizer que a Igreja no Oriente - que é uma igreja mártir - foi sempre uma coluna para a Igreja ocidental, porque sustentou com o seu sangue e testemunho a igreja ocidental, mas esta agora também sustenta os mártires da Igreja oriental com as suas orações. Por isso, é tão importante e necessário rezar por eles.
Em segundo lugar, divulgar e dar a conhecer o que se passa - que é também o que faz a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, que nos trouxe a Portugal e a tantos outros países para dar testemunho - para que todos saibam o que se passa e se divulgue. Porque é vergonhoso que, no mundo em que vivemos e em que teoricamente tudo se sabe, sabe-se tudo menos a verdade. O nosso dever é pois divulgar o que lá se passa. Não só para que as pessoas rezem, mas também para tentar mudar a opinião pública, para que os cidadãos comuns pressionem os líderes políticos mais importantes e para que se tomem medidas adequadas para terminar com isto.
E, em terceiro lugar, colaborar com o que se puder, não só materialmente, mas também com o nosso comportamento pessoal, porque somos um corpo. Não somos seres individuais, nem vivemos isolados, mas em sociedade, por isso, o meu comportamento afecta tudo o resto: se o meu comportamento é a favor do bem, o bem afecta a sociedade, influencia-a e provoca mudanças; se vivo o mal, o pecado e no vício, isso também influencia e afecta. Ou seja, o meu comportamento não é indiferente: ou colaboro a favor da guerra, ou colaboro a favor da paz. Por isso, mesmo longe da Síria e do Iraque, através do meu comportamento, também participo: ou de um lado, ou do outro.