Presidente do STOP diz que líderes partidários "não têm noção da realidade"
09-02-2024 - 11:08
 • João Cunha

André Pestana chega à conclusão depois de ver os debates entre os vários líderes partidários.

O presidente do Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (STOP), André Pestana, deixa um alerta aos líderes partidários que têm participado nos debates televisivos: são necessárias outras medidas para ter uma escola pública de excelência.

"Já vi uma ideia peregrina de um partido que defendia que a solução para a falta de professores é trazer os docentes reformados", diz Pestana.

"Isso é de quem não tem noção da realidade. Ou investir nos contratos associação ou cheques de ensino. Isso não é o caminho para uma escola pública de excelência", reforça.

À margem de uma concentração seguida de plenário na Escola Secundária Daniel Sampaio, na Sobreda, concelho de Almada, o presidente do STOP assegurou que as greves fizeram uma inversão das prioridades.

"Os portugueses não estavam tão alertados para a questão da educação. Os próprios políticos deixaram cair a questão da contagem integral do tempo de serviço, que era um assunto arrumado há um ano e meio. E agora todos falam disso, o que quer dizer que foi a luta dos professores que trouxe de volta essa questão."

Aumento do abandono escolar

Para o STOP, as condições sociais das famílias e a desvalorização da escola ajudam a explicar o aumento do abandono escolar, que em 2023 subiu 1,5 pontos percentuais para oito por cento, depois de seis anos consecutivos a descer.

"Penso que pode estar relacionado com os problemas sociais do país, que infelizmente existem. E que em muitas famílias, perante grandes dificuldades financeiras e a desvalorização da escola, pensam porque razão os filhos devem continuar a estudar se podem trabalhar, receber alguma coisa e ajudar a família", diz André Pestana.

Quando questionado pela Renascença sobre se poderá ser feita alguma ligação entre as greves dos professores e o aumento do abandono escolar, o presidente do STOP é claro: "Os alunos têm perdido aulas não devido às greves, mas devido ao desinvestimento e desvalorização de quem trabalha na escola, que está na origem da falta de professores."