A Eliane e o Alberto são clientes habituais de uma padraria na zona do Carandá, em Braga. Foram apanhados de surpresa com a descida do preço do pão, após a entrada em vigor da isenção do IVA.
“Não estava à espera. Atualmente, está tudo a subir e nunca a baixar”, confessou Eliane. “Antigamente não olhava aos cêntimos, mas tenho mesmo de olhar. Todos os cêntimos fazem a diferença”, atirou a bracarense.
Já Alberto lamentou que a descida do preço não tivesse acontecido “há mais tempo”, mas “as circunstâncias não são as melhores”, reconheceu.
Desde terça-feira que o pão está mais barato nesta padaria de fabrico próprio de Braga, a reboque do IVA Zero. Mas há clientes que “nem reparam”, contou a proprietária, Maria do Céu.
“O pão biju está mais barato 1 cêntimo, o cacete 10 cêntimos e o pão de especialidade entre 2 e 3 cêntimos”, descreveu a empresária, que se diz prejudicada com a medida, pelo menos, enquanto tiver matéria-prima em stock.
“Tenho de fazer o que a lei diz, mesmo, sendo penalizada. Paguei o IVA da farinha, mas não o posso colocar no pão. Há sempre um prejuízo”, contou Maria do Céu que admitiu que o seu caso não é dos piores.
“Nós não temos um stock muito grande, mas as grandes padarias com muitas casas abertas, de certeza, terão prejuízos maiores”, garantiu.
Uma estratégia que não é seguida por todos. Artur De Góis gere uma padaria em que recebe o pão para venda de uma fábrica. E, por enquanto, não há alteração de preço.
“Estamos à espera de que os fornecedores baixem o valor para atualizarmos o preço do pão. A previsão é que, enquanto, a fabrica tiver stock de mercadoria antigo, vai continuar a praticar o preço antigo”, explicou Artur.
Já com a isenção do IVA, mas ao mesmo preço está a carne. É o que nos contou Alcides Rocha. O proprietário de um restaurante em Braga assegurou à Renascença que, para já, não tem forma de baixar o custo das refeições aos clientes.
“Na fatura, realmente, diz sem IVA, mas paguei o mesmo preço pela carne. No final, é a mesma coisa. Não tenho margem de manobra”, contou o Alcides pouco convencido do impacto do fim do IVA.
“Apesar do Estado perder as receitas do imposto, o consumidor vai pagar a mesma coisa”, lamentou.
O IVA Zero entrou em vigor, esta terça-feira, para 46 produtos alimentares considerados essenciais. Uma medida para mitigar o impacto da inflação que o governo admite rever dentro de 6 meses.