Condenado guarda que ajudou a matar 3.500 pessoas em campo de concentração
28-06-2022 - 14:29
 • Teresa Paula Costa

Josef S foi considerado culpado de ter ajudado e apoiado o assassinato de mais de 3.500 pessoas, em Sachsenhausen, perto de Berlim. Defesa vai apelar.

Josef S, ex-guarda do campo de concentração de Sachsenhausen, perto de Berlim, foi, aos 101 anos de idade, considerado culpado de ajudar e apoiar o assassinato de 3.518 prisioneiros e condenado a cinco anos de prisão.

Josef S foi também considerado cúmplice no tiroteio de prisioneiros de guerra soviéticos e no assassinato de outros com gás Zyklon B.

Aquele que é considerado o criminoso nazi mais velho a ser julgado num tribunal alemão negou ser um guarda das SS no campo, pelo que a defesa pediu a sua absolvição e vai apelar contra a sentença de prisão.

Na sua declaração final na véspera do veredito, em Bradenburg, Josef S disse: “Eu não sei bem porque estou sentado aqui, na lixeira do pecado”, pois “realmente não tive nada a ver com isso”.

Em resposta, o juiz Udo Lechtermann disse-lhe que, apesar das suas alegações contrárias, o tribunal tinha descoberto que ele tinha trabalhado no campo de concentração durante cerca de três anos desde 1942. Por isso, afirmou o juiz: “você voluntariamente apoiou esse extermínio em massa através da sua ocupação".

Dezenas de milhares de pessoas morreram em Sachsenhausen durante a Segunda Guerra Mundial, devido a fome, trabalhos forçados, experiências médicas e assassinato pelas SS. Naquele campo, estiveram presas mais de 200.000 pessoas, incluindo prisioneiros políticos, judeus e ciganos.

Por questões de privacidade, Josef S não está totalmente identificado na Alemanha. Embora o seu nome e detalhes do seu nascimento tenham sido dados nos documentos de um guarda das SS, ele alegou que não estava no acampamento e que trabalhou apenas na agricultura.

O Supremo Tribunal da Alemanha terá agora de decidir se permite o recurso, num processo que levará alguns meses.

A primeira vez que um guarda de campo nazi foi levado a julgamento foi em 2011, quando o ex-guarda das SS, John Demjanjuk, foi considerado culpado. O veredito levou a uma busca por indivíduos que ainda estavam vivos.

Quatro anos depois, o chamado "contador de Auschwitz", Oskar Gröning, foi condenado a uma pena de prisão.

Atualmente, um ex-secretário do campo de concentração, de 97 anos, está também a ser julgado no norte da Alemanha.