O Partido Socialista (PS) demarcou-se das declarações públicas de Ana Gomes sobre a transferência de João Félix para o Atlético Madrid, em resposta à carta enviada pelo Benfica.
Na missiva de resposta, a que Bola Branca teve acesso, o presidente do PS, Carlos César, salienta que o seu partido "não tomou qualquer 'posição institucional'" sobre o assunto e que as opiniões da ex-eurodeputada "refletem apenas uma posição própria e pessoal que, tal como em muitos outros casos, não vincula o Partido Socialista".
Esta carta de Carlos César a Luís Filipe Vieira surge em resposta a missiva do presidente do Benfica, datada do dia 11 de julho, a questionar, "de forma a não subsistirem publicamente quaisquer potenciais equívocos, se as declarações proferidas por Ana Gomes refletem a opinião do partido ou se, ao invés, tais declarações não merecem senão rejeição e repúdio por parte do partido".
O Benfica considerava que o "silêncio continuado" do PS perante as declarações da sua ex-eurodeputada podia "ser publicamente lido e entendido como aceitação tácita ou, pelo menos, tolerância quanto ao respetivo teor, enquanto tal extensível à direção do partido".
O clube da Luz entendia que a qualidade de deputada no Parlamento Europeu "acentua a notoriedade da declarante e a relevância mediática das suas declarações, promovendo a sua assimilação nesses termos pela opinião pública, com a inerente associação de Ana Gomes ao PS".
Ana Gomes tem processo do Benfica na prateleira
O Benfica já tinha anunciado que iria processar Ana Gomes por difamação, devido a um "post" no Twitter em que a ex-eurodeputada socialista se questionou se a transferência de João Félix para o Atlético de Madrid, por 120 milhões de euros, se trataria de um "negócio de lavandaria".
Em comunicado no site oficial, o Benfica salientou que a opinião manifestada por Ana Gomes, a 27 de junho de 2019, "não configura um caso de mero exercício da liberdade de expressão e que, pelo contrário, tem o exclusivo propósito de denegrir o nome do Benfica e dos membros dos seus órgãos sociais"
"[O Benfica] tem por isso o dever, perante os seus sócios e adeptos, de solicitar, desta vez, a apreciação desta questão pelos órgãos constitucionalmente competentes para o efeito, os Tribunais, o que fará pela instauração de um processo através dos seus advogados", anunciou o Benfica, na altura.
O clube da Luz considerou que aquele comentário conotava a transferência de João Félix "com uma operação de lavagem de dinheiro/branqueamento de capitais".