“É urgente e fundamental” o tema da droga voltar ao discurso político e às prioridades. A afirmação é de Henrique Raposo, no comentário à reportagem da Renascença que dá conta de um fenómeno crescente nas ruas de Lisboa e de cada vez mais sem-abrigo, e entre eles muitos imigrantes.
“O discurso político não se pode esconder do problema”, defende o comentador, realçando o “aumento de sem-abrigo, e muitos deles imigrantes, que torna a questão perigosa num contexto em que a droga está a subir”.
“É preciso uma resposta do centro político que não fuja logo para a ideia de que falar disso é ser securitário ou ser racista ou ser xenófobo. É um problema grave”, adverte.
No seu espaço de Comentário n’As Três da Manhã, Raposo diz que “nas grandes estações de comboio, na cidade, o clima está, de facto, a ficar cada vez mais inseguro e é preciso não ter medo das palavras”, confessando que está a voltar a “respirar uma sensação de insegurança” que não viveu “desde os famosos infames anos 80 e 90, quando tivemos uma das piores epidemias de SIDA, heroína e insegurança da Europa”.
Confrontado com a inexistência de estatísticas que comprovem a relação entre a eventual imigração e segurança, o comentador atalha dizendo que “na perceção da insegurança não há só estatísticas” e dá o exemplo do Alentejo.
“Nós estamos perante um cataclismo que é o Chega poder ganhar no Alentejo - no Alentejo e no Algarve. Há sondagens quer externas, quer internas que dizem que o Chega pode ganhar. É preciso perceber porquê”, defende o comentador exemplificando, de novo, com a reportagem da Renascença, em Vila Nova de Milfontes.
“As raparigas sentem-se inseguras, as mulheres sentem-se inseguras. Houve uma emigração súbita de homens do Bangladesh e por aí fora, que vêm de uma cultura completamente diferente e que têm atitudes que não são compagináveis com aquilo que é a liberdade feminina. As raparigas sentem-se perseguidas. Há uma atitude de gangue em relação a mulheres que estão em lojas, que estão a fechar a loja no final do turno, e sentem-se perseguidas. Como é que tantos imigrantes conseguem pagar rendas de casas e de lojas que nenhum português consegue pagar?”, questiona.
Na visão de Raposo, “o centro político tem que olhar para estas pessoas” e “nós não podemos ter medo de falar destes assuntos e temos que responder a uma pergunta: queremos ou não secar o Chega?”
“Eu quero secar o Chega e, para isso, temos que sujar as mãos na realidade, ir àquelas zonas da realidade onde os nossos princípios - eu também acho que devemos ficar abertos a imigração é um valor moral em si mesmo e é uma necessidade - onde os nossos princípios liberais, democráticos e abertos chocam com a realidade”, remata.