Marinha inspeciona condições do navio Mondego e substitui os 13 militares revoltosos
14-03-2023 - 16:30
 • Lusa

Militares que se recusaram a embarcar alegam "razões de segurança", tal como manifestaram num documento. Pelo menos até ao principio da tarde desta terça-feira estavam retidos no navio, confirmou fonte da Marinha à Lusa.

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A Marinha ordenou uma inspeção às condições de segurança do navio Mondego, que, no sábado, serviram de argumento para que parte da guarnição se tenha recusado a embarcar para cumprir uma missão militar, disse à Lusa fonte da Armada.

A inspeção foi ordenada logo depois do incidente, que se traduziu no não acompanhamento de um navio russo a norte do Porto Santo, tal como tinha sido ordenado pela chefia naval, acrescentou a mesma fonte.

Os 13 militares que se recusaram a embarcar alegando "razões de segurança", tal como manifestaram num documento, encontravam-se ao principio desta tarde retidos no navio, confirmou fonte da Marinha à Lusa.

A mesma fonte também confirmou que os 13 militares revoltosos serão substituídos, tal como avançou o jornal "Público".

Os militares revoltosos incorrem em penas disciplinares graves, que podem ir até à privação da liberdade, segundo o Regulamento de Disciplina Militar.

A Marinha vai avançar com processos disciplinares e remeteu à Polícia Judiciária Militar informação sobre o incidente, disse à Lusa fonte deste ramo militar.

Considerando que pode estar em causa matéria criminal, a Armada já passou informação à Polícia Judiciária Militar (PJM), que levará a cabo um processo, "externo à Marinha", que tirará as respetivas conclusões.

Segundo estes 13 militares, o próprio comandante do NRP Mondego "assumiu, perante a guarnição, que não se sentia confortável em largar com as limitações técnicas" do navio. .

Entre as várias limitações técnicas invocadas pelos militares constava o facto de um motor e um gerador de energia elétrica estarem inoperacionais.

Esta ação levou a Marinha a considerar que os 13 operacionais "não cumpriram os seus deveres militares, usurparam funções, competências e responsabilidades não inerentes aos postos e cargos respetivos".

"Estes factos ainda estão a ser apurados em detalhe, e a disciplina e consequências resultantes serão aplicadas em função disso", referiu a Marinha, numa nota enviada à agência Lusa.

O ramo confirmou também que o NRP Mondego estava com "uma avaria num dos motores", mas referiu que a missão que ia desempenhar era "de curta duração e próxima da costa, com boas condições meteo-oceanográficas".

No que se refere às limitações técnicas, a Marinha referiu que os navios de guerra "podem operar em modo bastante degradado sem impacto na segurança", uma vez que têm "sistemas muito complexos e muito redundantes".

As questões relativas à manutenção de navios da Marinha, devido a carência de verbas, bem como a falta de pessoal, que obriga à repetição de escalas para os militares são os problemas mais sentidos no ramo, segundo afirmou na Comissão de Defesa o chefe de Estado-Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo.