O presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes, que está em prisão domiciliária no âmbito da “Operação Teia”, já entregou o pedido de substituição temporária durante 29 dias, avança a RTP.
O autarca/arguido admite mesmo, em entrevista à estação pública, a possibilidade de renunciar ao cargo, se o juiz do caso confirmar que não pode contactar com nenhum elemento do município.
“O senhor dr. juiz vai ter que me aclarar, porque aquilo que eu estou proibido é de contactar com os funcionários da câmara. A Câmara de Barcelos tem 783 funcionários, depois temos o executivo eleito comigo, os adjuntos e os secretários. É evidente que, se por alguma razão, eu não puder exercer o cargo em nenhuma circunstância, com certeza, ponderarei seriamente renunciar ao mandato”, disse Miguel Costa Gomes.
O autarca está em prisão domiciliária no âmbito da “Operação Teia”, que investiga suspeitas de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio, traduzidas na "viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto".
Neste caso, são ainda arguidos o agora demissionário presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, que ficou em liberdade mediante o pagamento de uma caução de 40 mil euros, e a mulher, Manuela Couto, que ficou em prisão domiciliária. Joaquim Couto renunciou ao cargo no passado domingo.
O outro arguido é o presidente do IPO do Porto, Laranja Pontes, que também ficou em liberdade mediante caução de 20 mil euros, e com suspensão das funções que exercia.
Na entrevista desta terça-feira à RTP, o autarca de Barcelos explica porque não renuncia ao cargo imediatamente, como fez Joaquim Couto.
"Não tem a ver com apego ao poder, tem a ver com aquilo de que sou acusado. Eu tenho de programar a minha defesa, porque estou completamente inocente. Este interregno é no sentido de fazer alguns pedidos de aclaração ao senhor dr. juiz, no sentido de saber o que posso ou não fazer", afirma Miguel Costa Gomes.