É uma espécie de jogo de sombras sobre Tancos. Fala-se do caso sem dizer que é o caso e, sobretudo, a caravana socialista tenta desvalorizar a polémica.
No comício desta quarta-feira à noite, em Viseu, o líder do PS, António Costa, defendeu aquilo que verdadeiramente interessa ao cidadão anónimo e não é o que se discute na “bolha mediática”.
“Aquilo que as pessoas dizem diretamente, cara a cara, aos políticos, muito raramente tem a ver com o que os políticos dizem uns aos outros ou o que se discute muito nessa bolha político-mediática”, afirma António Costa.
O líder socialista conta que as pessoas vêm ter consigo para se queixarem de questões que afetam o seu dia a dia, como um atraso na luz verde da Segurança Social para começar a receber a reforma.
“Estes são os problemas das pessoas reais, das pessoas que no próximo domingo vão votar e vão decidir”, declarou.
Segundo Costa, cá está o PS que ouve as pessoas, cuja missão é cumprir aquilo a que se compromete sem se “distrair com questiúnculas”. Que questiúnculas são essas? A verdade é que Tancos é o que tem marcado a campanha.
Antes, o ex-ministro socialista Jorge Coelho também tinha entrado no jogo de dizer sem dizer e insinuar que Tancos é um “fait divers”.
“Quando eu vejo muitas das pessoas que têm de discutir política na campanha, discutir questões que são autênticos ‘fait divers’, que não interessam para nada para a vida de cada um de vós, das vossas famílias, dos vossos filhos e não discutem, em concreto, aquilo que cada um quer para o futuro deste país, fico triste por haver políticos que ainda não perceberam que um país, um povo, é diferente e cada vez mais quer participar”, acusa Jorge Coelho
De registar que o histórico socialista, no apelo ao voto no PS, chegou a dizer que as pessoas até podem votar noutro partido, desde que não sejam muitas a fazê-lo.
O antigo ministro também aproveitou o seu discurso para lançar “farpas” ao líder do PSD, Rui Rio, que na noite anterior disse num comício em Viseu que viu o "cavaquistão renascer", numa referência às grandes votações que o distrito deu ao antigo líder do PSD Cavaco Silva.
Jorge Coelho sente-se "insultado" quando dizem que Viseu é o "cavaquistão", defendendo que os habitantes do distrito não esquecem o passado e não querem voltar a viver nesse tempo.
"Não nos chamem nomes! Nós somos viseenses. Aqui não há cá cavaquistão nenhum, nós somos de Viseu", exclamou.