Sobe de tom a tensão no setor livreiro. A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros(APEL) confirmou, esta terça-feira, que “não estará presente na reunião marcada pelo Ministério da Cultura”. O encontro, indicou esta terça-feira a ministra Graça Fonsec,a no parlamento, faz parte de uma série de reuniões com diversos setores agendadas para quarta-feira
Em causa estão as regras do novo confinamento determinadas pelo Governo que impõe o encerramento das livrarias, a proibição da venda de livros nas grandes superfícies comerciais e o impedimento de venda ao postigo, como aconteceu no primeiro confinamento.
Em entrevista à Renascença, o presidente da APEL, João Alvim, classifica como “grave” a actual situação no setor livreiro e editorial, sublinhando que “o mercado está totalmente fechado". Só há vendas "online", que são “de pequena expressão”.
As medidas anunciadas pelos ministros da Economia e da Cultura a 14 de janeiro, estão no entender da APEL a afetar “profundamente” o setor e “foram tomadas sem ter sido ouvida a APEL, que representa 95% do mercado editorial e livreiro em Portugal”.
João Alvim, que fala numa “situação muito mais grave do que no anterior confinamento” e chega mesmo a dizer que é uma “situação desesperada”, considera que “não há razão nenhuma” para o encontro entre a APEL e o Ministério da Cultura.
Na perspectiva do presidente da APEL, “o que há a resolver é a abertura ou não da venda do livro”. A associação que representa editores e livreiros diz que é “urgente e prioritário levantar esta proibição, aos livreiros e outros pontos de venda”.
No parlamento, esta terça-feira, Graça Fonseca explicou aos deputados que a questão da venda de livros nas grandes superfícies comerciais, é uma questão que não depende de si, mas do ministro da Economia. No entender dos editores e livreiros, este argumento não faz sentido, porque o livro é tutelado pela Cultura.
A APEL admite, contudo, dialogar com o ministério da Cultura, mas impõe condições. “Quando abrirem a venda do livro, nós estamos dispostos e disponíveis para discutir o que se passa no setor. Não é irmos participar numa reunião em que as medidas já foram tomadas e decididas e não levem em linha de conta a situação que se vive atualmente”, explica João Alvim à Renascença.
Estas medidas já anunciadas pelo ministério passam por um apoio de 600 mil euros e reforço das bolsas de criação literária. Isso mesmo foi também explicado pela ministra da Cultura, na sua participação na comissão parlamentar de Cultura esta terça-feira.