O presidente da Iniciativa Liberal acusa o Governo de assumir uma posição "dúbia" e "às vezes complacente" com a corrupção e defendeu que o primeiro-ministro tem de esclarecer o que "quer esconder" ao desvalorizar a polémica na Defesa.
"A nível nacional nós temos um governo socialista que está já há muitos anos [...] nos comandos do país e aquilo que encontramos é estagnação, dificuldade de acesso aos modos mais básicos de prestação de serviços públicos como a saúde e a educação, é uma incapacidade de devolver a confiança e a esperança aos portugueses, é uma posição muito dúbia e às vezes muito complacente com a corrupção e com a falta de transparência", afirmou Rui Rocha no Funchal, na apresentação dos candidatos do partido às eleições legislativas da Madeira, agendadas para 24 de setembro.
Referindo-se à polémica em torno do setor da Defesa, com a exoneração do secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira, o líder da IL voltou a criticar a posição do primeiro-ministro, António Costa, que afirmou no sábado que aquilo "que preocupa as pessoas são temas bastante diferentes".
Para o presidente da IL, "os portugueses querem saber se os meios da Defesa do país estão a ser usados, ou não, de forma pouco séria, pouco transparente, eventualmente se existem esquemas de corrupção ligados a isto".
"E, portanto, quando nos dizem que as suspeitas de corrupção na questão da Defesa não é um tema relevante, nós divergimos completamente do primeiro-ministro e queremos até saber mais", reforçou.
"Queremos saber, por exemplo, o que é que se passa com o despacho do ministro Cravinho, que sabemos agora que foi feito, da aprovação de um conjunto de despesas quando já se sabia que isto era um tema sensível e quando depois aparece um parecer pedido a Marco Capitão Ferreira, quando a adjudicação e a decisão política de fazer aquela compra já tinha sido feita", acrescentou.
O Correio da Manhã noticiou hoje que João Gomes Cravinho autorizou, em 2019, quando era ministro da Defesa, o negócio da manutenção dos helicópteros EH-101 que terá causado, na última sexta-feira, a demissão de Marco Capitão Ferreira de secretário de Estado da Defesa.
Rui Rocha defendeu que é preciso esclarecer "o que se passa na Defesa" e é necessário clarificar "o que é que o primeiro-ministro quer esconder, neste momento, quando desvaloriza estes temas".
"Nós não vamos admitir isso nem no continente nem na Madeira sempre que haja evidência de falta de transparência, que haja evidencia de falta de rigor nas contas públicas", assumiu.
"Portanto, eu quero dizer aqui a António Costa que sim, os portugueses interessam-se, pelo menos os liberais interessam-se, por estes temas e nós não queremos um Governo que desvaloriza estas questões. E também não queremos um Governo que traz estagnação ao país, que não promove o crescimento, que não promove a esperança dos portugueses", reiterou.