Feliz pela entrevista ser feita em galego, o responsável do "cluster" de turismo da Galiza, Cesáreo Pardal, começa por afirma que “os portugueses são irmãos, ou primos irmãos dos galegos”. Pardal lembra que, anualmente, “mais de 500 mil portugueses atravessam a fronteira para estar na Galiza”.
Numa entrevista à Renascença, à margem da apresentação do ano Xacobeo 2021-2022 em Lisboa, o representante do grupo de empresas ligadas ao turismo mostra-se apostado em continuar esta relação entre Portugal e a Galiza, porque, lembra, o turista português “vai à Galiza há já muitos anos”.
Nesse sentido, e aproveitando o facto de o ano santo ter sido prolongado até 2022, por causa da pandemia, Cesáreo Pardal diz que continuam a “fazer promoção de Galiza, a trabalhar em conjunto com os operadores portugueses e as agências de viagens de Portugal”. Pardal é categórico: “Sem dúvida que o mercado português é para nós um dos principais mercados.”
Questionado sobre o efeito que a pandemia teve no setor do turismo, este responsável lembra que “na Galiza há mais de 150 mil pessoas que dependem do turismo diretamente, que trabalham no turismo” e que, no último ano, “a administração soube aceitar as pretensões que o tecido empresarial tinha” e contribuiu com “quase 190 milhões de euros a fundo perdido para o setor.”
Desde há onze anos que a Galiza se preparava para o ano Xacobeo e com ele esperava milhares de peregrinos que poderiam dinamizar a economia do turismo e da restauração. Mas a Covid-19 trocou as voltas e adiou as expetativas.
Agora, diz Cesáreo Pardal, “uma vez que saímos do confinamento, começaram a aumentar as reservas nos hotéis e nos restaurantes”. Neste regresso a “uma pequena normalidade”, como lhe chama o responsável do "cluster" de turismo galego, “há gente que tinha muita vontade de viajar e que olhou para a Galiza como não tinha olhado antes”.
“Efetivamente, depois da pandemia nada será igual. Aquilo que o turista procura primeiro é a não massificação. Procura lugares tranquilos para disfrutar, paisagens e boa gastronomia. A Galiza reúne esses requisitos”.
E que requisitos são esses? Pardal lembra que “há muitos anos” que vinham a trabalhar na promoção da Galiza como “um destino tranquilo, não massificado em que as pessoas possam ir a disfrutar”. Pardal destaca “a generosidade e unidade que têm os empresários turísticos galegos” que “também fazem com que o turista se sinta na sua casa”.
Para este responsável, a pandemia “mudou a forma de viajar, e ainda vai mudar mais”. Apostado em que o ano duplo de Xacobeo possa alavancar os números, Cesáreo Pardal prefere sempre o discurso otimista e refere que é “sempre” preciso tirar algo positivo das situações.
A pandemia teve a “vantagem para o setor que teve de se digitalizar de forma mais rápida”. Agora, indica Pardal estão “mais preparados”. “Os números estão aí, espero que continuem a aumentar e que o ano 2022 seja dos melhores”, conclui o responsável galego.