Na madrugada do passado domingo atrasámos 60 minutos os relógios, entrando na chamada hora de inverno. A mudança da hora, neste caso para a hora de verão, foi pela primeira vez concretizada em Portugal durante a I guerra mundial, para poupar combustível. E na II guerra mundial os relógios no nosso país chegaram a ser adiantados duas horas, no verão, com a mesma finalidade.
Nas últimas décadas temos vivido com hora de inverno e hora de verão. Mas essa alternância ameaça não continuar a partir de 2021. Em março o Parlamento Europeu votou o fim da mudança da hora a partir dessa data. Em 2018 a Comissão Europeia promovera uma sondagem sobre este assunto. 84% dos inquiridos mostraram-se favoráveis à hora igual todo o ano, sem mudanças.
Só que, como lembra o “Jornal de Notícias”, falta ainda a aprovação do Conselho Europeu. Ora o primeiro-ministro A. Costa já se declarou contrário ao fim do regime bi-horário. E invocou razões científicas para se manter a mudança da hora. Seria bom que o seu ponto de vista prevalecesse no Conselho, mas há quem duvide.
O diretor do Observatório Astronómico de Lisboa, Rui Agostinho, é uma das fontes que apresentaram justificações científicas para manter a mudança da hora. R. Agostinho considera pouco representativa a sondagem encomendada pela Comissão Europeia. E o diretor do Centro Materno Infantil do Norte, Caldas Afonso, também está contra o regime de hora única, o qual, argumenta, iria prejudicar sobretudo as crianças que, no inverno, já hoje vão para a escola de manhã praticamente de noite e assim regressarão ao fim da tarde, também de noite.
O regime bi-horário faz com que a população de mantenha adaptada ao padrão da luz do dia. Rui Agostinho defende que, se formos forçados a adotar a hora única, é preferível a hora de inverno.
Já existe na UE uma uniformidade nas datas de mudar a hora. Para quê uniformizar ainda mais? É uma escolha que, segundo o princípio da subsidiariedade, deveria pertencer a cada Estado membro. A concretizar-se, será mais uma imposição da UE, não só inútil como nociva. Depois queixem-se do euroceticismo…
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