Ryanair. Sindicato diz que adesão à greve dos tripulantes "é superior a 90%"
01-04-2018 - 13:00
A paralisação dos tripulantes de bordo já levou ao cancelamento de vários voos, seis no Porto.
A presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Luciana Passo, disse este domingo à Lusa que a adesão da greve dos tripulantes portugueses de cabine da Ryanair "é superior a 90%".
Este é o terceiro dia de paralisação não consecutiva que, segundo Luciana Passo, não tem efeitos mais visíveis porque a Ryanair está a "trazer tripulação de outras bases". No Porto, já foram cancelados seis voos.
"A greve dos tripulantes que têm base em Portugal está a ter uma fortíssima adesão durante esta manhã, superior a 90%", afirmou a sindicalista.
No entanto, "não estão em causa maiores transtornos porque a Ryanair está a trazer tripulantes de outras bases", voltou a acusar a presidente do SNPVAC.
Segundo a responsável, também há a indicação que houve tripulação de outras bases que chegaram no sábado à noite para efetuar os voos desta manhã.
Além disso, explicou, também está a ser feito aquilo que denominou de "reversão" do voo, dando um exemplo: no caso de Faro, estava previsto os voos Faro-Dublin-Faro. Com a reversão, as ligações passaram a ser Dublin-Faro-Dublin.
Luciana Passo acrescentou também que "têm saído aviões só com pilotos para irem buscar tripulantes a outras bases".
Segundo o SNPVAC, durante a manhã de hoje, dos oito voos previstos no aeroporto Porto, cinco foram cancelados. Em Lisboa, dos cinco (um era voo doméstico, com destino ao Porto), dois foram cancelados.
Relativamente a Faro, dos sete voos programados, saíram apenas três.
A Lusa contactou a Ryanair sobre o assunto, mas até ao momento não foi possível obter resposta.
Os tripulantes de cabine da Ryanair em Portugal cumprem, desde as 00:00 deste domingo de Páscoa, o segundo dia de greve - de três não consecutivos - para exigir que a companhia aérea irlandesa aplique a lei nacional.
Em causa está o cumprimento de regras previstas na legislação nacional como a parentalidade, garantia de ordenado mínimo, bem como a retirada de processos disciplinares por motivo de baixas médicas ou vendas a bordo abaixo dos objetivos da empresa.
No primeiro dia de paralisação, na passada quinta-feira, o SNPVAC disse que a adesão rondou os 90%.
“Temos cerca de seis cancelamentos confirmados e houve uma panóplia de mais de 20 voos que foram efetuados por tripulantes estrangeiros”, garantiu, na altura, à Lusa, Bruno Fialho, da direção do sindicato.
Sem responder às acusações do sindicato, a Ryanair divulgou um comunicado para garantir que a greve provocou apenas “ligeiras perturbações” na operação e afirmou a sua gratidão pelos funcionários “ignorarem” a paralisação.
O SNPVAC convocou esta greve de tripulantes de cabine da Ryanair porque as conversações com a transportadora “verificaram-se infrutíferas” sobre as exigências para aplicar a lei portuguesa, nomeadamente o direito de parentalidade e baixas médicas.
Caracterizando a greve como “desnecessária” face a uma reunião marcada e as suas propostas, a Ryanair ameaçou ainda reduzir o número de aviões nas bases que tem em Portugal se a greve dos tripulantes de cabine no período da Páscoa avançar, num memorando enviado aos trabalhadores, a que a agência Lusa teve acesso.
A jurista da Deco, Ana Sofia Ferreira, informou à Lusa que greve não é uma circunstância que imputável às transportadoras aéreas, pelo que “não há direito à indemnização, exceto se a transportadora já depois de ter recebido o pré-aviso de greve continuar a vender bilhetes já conhecendo e sabendo antecipadamente que muito provavelmente não vai poder realizar aqueles voos”.