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O PCP considera que os dois anos e meio de Governo apoiado pela esquerda são “um novo ponto de partida” daquilo que o deputado Paulo Sá chamou de “novas lutas para novos avanços” nas conquistas do 25 de Abril. Também o PEV, pela voz do deputado José Luís Ferreira, considera que com este governo “abril voltou ao horizonte”, mas alertou para sinais que o podem pôr em causa.
Em primeiro lugar, disse José Luís Ferreira, os recentes acordos entre o Governo e o PSD “a fazer lembrar o velho e pouco saudoso Bloco Central”. O deputado do PEV lembrou algumas das conquistas da maioria de esquerda, entre as quais “o travão á liberalização do eucalipto”. Mas, acrescentou, é preciso ir mais além: é preciso acabar com a parcerias público-privadas, é preciso “acabar com a imoralidade” de chamar os contribuintes a pagar os erros dos banqueiros.
“Falta ainda a regionalização”, continuou o deputado do PEV que também quer “trazer de volta” as freguesias com que o anterior governo acabou. Um governo que, nas palavras do comunista Paulo Sá, colocou sob ataque as conquistas de Abril., que foi “o maior ajuste de contas com o 25 de Abril e as suas conquistas”, mas que foi remetido ao “isolamento político e social”. A expressão do deputado levantou um ligeiro “bruáa” no plenário, já que a coligação PSD-CDS ganhou as eleições de 2015.
Paulo Sá lamentou que o actual Governo ainda se sujeite “à submissão ao euro e à União europeia2, mas ainda assim considera o actual momento político como o ponto de partida para novas lutas e conquistas revolucionárias.
Também a deputada do Bloco de Esquerda Isabel Pires lamentou as imposições europeias. “Abril nunca rimou com Eurogrupo”, afirmou a deputada que começou o seu discurso com questões internacionais.
Isabel Pires lembrou o episódio em que deputados independentistas da Catalunha cantaram “Grândola” nas Cortes espanholas durante a visita de Marcelo Rebelo de Sousa. “Aqui ao lado ainda há presos políticos”, acusou a deputada que também condenou “os assassinatos políticos” nas ruas do Brasil.
O Bloco também escolheu falar do serviço nacional de saúde como uma conquista de Abril a preservar, da igualdade como um principio que ainda falta completar devido às diferenças salariais entre homens e mulheres.
Já o deputado do PAN – Pessoas, Animais e Natureza, André Silva começou o seu discurso com uma história: alguém que quer ir para o algarve, mas apanha o comboio para Braga, muda logo na primeira estação depois de se aperceber do erro. “E se estivermos enganados quanto ao percurso da nossa sociedade?”, perguntou André Silva, defendendo que “é novamente o momento para mudar de direção”.
E, para o PAN, o motivo para mudar de direção é o impacto das alterações climáticas. “Estamos a viver acima das possibilidades do planeta”, disse André Silva, para quem “nem a direita extractivista, nem a esquerda produtivista” conseguem dar resposta aos novos tempos. Mas, acrescentou, as soluções não têm de ser a preto e branco, há “todo um arco-íris” de resposta aos novos desafios. “é tempo de mudar de rumo e não podemos perder tempo”, conclui o deputado, agradecendo aos capitães de Abril por terem mudado o rumo há 44 anos.