A Rússia exige que a Nato abandone qualquer pretensão de se implementar na Europa de Leste em troca do fim das tensões na Ucrânia.
Moscovo sempre se opôs à expansão da Aliança Atlântica, mas agora quer garantias legais e escritas, dizendo que só assim se sentará à mesa com os países ocidentais para discutir o problema dos conflitos na fronteira ucraniana.
A exigência relativa à Nato é apenas uma de uma lista que a Rússia apresentou esta sexta-feira como precondição para o diálogo. Outras incluem a retirada da Europa de armas nucleares americanas, bem como a remoção de forças da Nato da Polónia, Estónia, Letónia e Lituânia.
As exigências surgem numa altura em que se teme uma renovação da hostilidade da Rússia contra a Ucrânia. Forças russas têm-se aglomerado junto à fronteira entre os dois países, mas Moscovo insiste que não tem qualquer intenção de invadir.
Washington já reagiu a esta lista da Rússia, rejeitando à partida qualquer interferência do Kremlin nos assuntos internos da Nato ou na liberdade de outros estados decidirem questões da sua política externa, como a vontade de aderir à aliança.
“Não cederemos em princípios chave sobre os quais a segurança da Europa está edificada, incluindo o de que todos os países têm a liberdade de decidir o seu próprio futuro e política externa, livres de interferências”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.
“A Rússia não pertence à Nato e não decide assuntos relacionados com a Nato”, acrescentou.
Alguns especialistas, contudo, temem que a Rússia esteja a usar este processo negocial como distração enquanto mantém a pressão sobre a Ucrânia. “Há algo muito errado com este cenário”, diz à Reuters o especialista Michael Kofman, da CNA, “a dimensão política parece ser uma cortina de fumo”.
À mesma agência Sam Greene, professor de política russa na King’s College, em Londres, diz que “não estamos perante um tratado, estamos perante uma declaração. Mas isso não significa necessariamente que estejamos na iminência de uma guerra. É uma justificação para manter a postura bélica de Moscovo, mantendo Washington e outros em desequilíbrio”.