Vários "erros sistémicos" abriram as portas ao massacre ocorrido em 24 de maio em Uvalde, no Estado norte-americano do Texas, que custou a vida a 21 pessoas, segundo um relatório divulgado esta segunda-feira.
"Na Robb Elementary, os agentes da lei não cumpriram o treino que lhes foi dado para enfrentar um atirador ativo e falharam no estabelecimento de prioridades em salvar vidas inocentes em vez da sua própria segurança", lê-se no relatório.
O atirador disparou aproximadamente 142 tiros dentro do edifício e é "quase certo" que pelo menos 100 tiros tenham ocorrido antes de qualquer polícia entrar, segundo o documento.
O relatório - a descrição mais completa até agora da resposta hesitante e aleatória ao massacre de 24 de maio na Robb Elementary School - foi escrito por uma comissão de investigação da Câmara dos Deputados do Texas e divulgado hoje aos familiares das vítimas.
O documento denuncia uma situação "caótica", marcada pela ausência de comando e polícias "apáticos".
Um total de 376 agentes - guardas de fronteira, soldados estaduais e municipais, departamentos do xerife local e forças de elite -- acorreram à escola básica de Robb, revelam legisladores da Câmara dos Comuns.
Mas entre a chegada dos primeiros polícias e a morte do autor do massacre, ocorreram 73 minutos, um atraso "inaceitável" ligado a "uma ausência de comando que pode ter contribuído para a perda de vidas", escrevem os autores do relatório.
É a primeira vez que se denunciam erros por parte das autoridades estaduais e federais, pois até agora as primeiras informações identificavam o chefe da polícia do distrito escolar, Pete Arredondo, como responsável pela demora dos agentes da polícia em entrarem na sala de aula onde ocorreu o massacre.
Entrevistados pela comissão, vários agentes que participaram na operação explicaram que não sabiam quem era o responsável pela operação e outros disseram que Arredondo era o responsável.
O relatório assegura que nenhum órgão, nem federal nem estadual, se ofereceu para liderar a operação, apesar de estar mais bem preparado do que a polícia local, e finalmente agentes da Patrulha de Fronteira entraram na sala de aula e abateram o atirador sem pedir autorização prévia a Arredondo.
A comissão apurou também que os funcionários da escola deixavam habitualmente as portas destrancadas devido à falta de chaves para todos os professores.
A divulgação do relatório fez já uma primeira vítima: o presidente da câmara de Uvalde anunciou que o chefe interino da polícia da cidade, no dia do massacre na escola, foi afastado.