O Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) anulou o castigo de três jogos à porta fechada aplicado ao Vitória de Guimarães por causa dos insultos racistas a Marega, diante do FC Porto, para a I Liga portuguesa de futebol, deliberado pelo Conselho de Disciplina da Federação (CD) e, entretanto, cumprido pelo clube.
O CD puniu o Vitória que, mesmo recorrendo para o TAD, realizou jogos à porta fechada frente a Famalicão, Benfica e Leixões, entre 12 de maio e 26 de julho de 2021. Nesses três jogos, o acesso do público estava vedado, devido às restrições impostas pela pandemia.
O acórdão do TAD declara que “não ficou demonstrado que o Vitória tenha promovido, ou sequer consentido ou tolerado os cânticos racistas em questão, pela simples razão de que não ficou provado, nestes autos, que o Vitória tenha tido um conhecimento efetivo e/ou atempado da ocorrência dos factos em causa, que lhe permitisse encetar uma reação efetiva aos acontecimentos em tempo útil”, revela à agência Lusa fonte ligada ao processo.
O CD pode recorrer da decisão. Caso seja dada razão ao Vitória em última instância, a Renascença apurou que o castigo já cumprido será revertido e o clube ficará com um "crédito" de três jogos, em eventuais castigos futuros.
Além de ver anulado o castigo de três jogos à porta fechada, o clube vimaranense foi absolvido de pagar uma multa de 53.500 euros a propósito do caso que remonta ao minuto 69 do encontro entre Vitória e FC Porto, realizado no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, em 16 de fevereiro de 2020, que terminou com um triunfo dos dragões por 2-1.
Autor do segundo golo azul e branco nesse jogo, o avançado internacional pelo Mali pediu para ser substituído e abandonou mesmo o relvado na sequência de insultos racistas oriundos das bancadas com adeptos do Vitória.
Na sequência do caso, a Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD) puniu o Vitória com uma “sanção acessória de realização de três espetáculos desportivos à porta fechada, com início do cumprimento da sanção após regresso do público aos espetáculos desportivos” e uma multa de 53 mil euros, num despacho de 20 de outubro de 2020, que mereceu o recurso do emblema minhoto.
Em julho, o TAD já tinha anulado o outro castigo imposto ao Vitória de Guimarães no âmbito do ‘caso Marega’, que ditava um jogo à porta fechada e uma multa de cinco mil euros devido à “ausência de som das gravações captadas pelo sistema de videovigilância”, segundo um despacho de 18 de maio de 2021 do Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).