O presidente da Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso considera que a expansão dos serviços de urgência hospitalar é decisiva para que os idosos possam estar mais seguros durante uma eventual segunda vaga da pandemia de Covid-19.
“Todos os invernos, as urgências são um inferno só por causa da gripe. Com a gripe sazonal de inverno mais a Covid, estou muito assustado com o que vai acontecer. Estou francamente assustado”, afirma à Renascença.
João Ferreira de Almeida defende, por isso, “uma expansão das urgências nos hospitais, divididas entre Covid e não-Covid”, mas admite que, “mesmo que o façam, depois não sei se há médicos nem enfermeiros em número suficiente”.
Seja como for, o país já não está desprevenido, como aconteceu em março. “Agora não têm desculpa. Se houver uma segunda vaga, têm obrigação de ter aprendido” e não cometer erros, defende.
Dentro dos lares, João Ferreira de Almeida considera que a Segurança Social deveria visitar as instituições com “técnicos de saúde pública, para monitorizarem as condições em que estão a trabalhar”.
“Penso que seria uma urgência muito grande operacionalizar isso”, mas “está a ser devagar e devagarinho”, lamenta. “Seria urgente avançar em força com isso. Qualquer lar, por muito bem que ache que está a funcionar, há sempre qualquer coisa que pode escapar e um olho de fora pode notar com facilidade”, sustenta.
Nestas declarações à Renascença, o presidente da Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso diz ainda não entender o motivo pelo qual a associação é afastada dos mais recentes apoios do Governo.
“Os lares privados muitas vezes ficam para trás e são discriminados e sem possibilidade de aceder a esses apoios. É uma tristeza, não se consegue perceber porquê. Como se não fosse legítimo prestar um serviço e ser remunerado pelo serviço que se presta. Mas há um preconceito muito grande, só porque são idosos”, acusa.
“É tão mais estranho quanto o decreto-lei que regulamenta o licenciamento das residências para idosos considera até que qualquer residência, desde que licenciada, é de utilidade social”, frisa ainda.
Sobre a polémica em torno do lar de Reguengos de Monsaraz, João Ferreira de Almeida considera que o melhor é reduzir o ruído e aguardar as conclusões do Ministério Público.