O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, advertiu, este domingo, que a crise da covid-19 "vai piorar antes de começar a melhorar" no Reino Unido e admitiu medidas mais duras para combater o surto se a comunidade médica e científica assim indicar.
Numa carta enviada a todas as famílias publicada hoje nos media locais, Boris Johnson, que está em isolamento por ter contraído covid-19, diz que não hesitara ir mais longe nas medidas de confinamento social impostas.
"Não hesitaremos em ir mais longe (nas medidas de contenção) se a posição médica e científica indicar isso. Sabemos que as coisas pioram antes que elas comecem a melhorar", adverte Johnson.
Boris Johnson está em isolamento na residência oficial com "sintomas leves" da doença, após testes positivos na passada sexta-feira.
"Estamos a pôr em prática os devidos preparativos e, quanto mais cumprirmos as regras, menos vidas serão perdidas e mais cedo a vida voltará ao normal", disse.
A mensagem de Johnson surge numa altura em que o número de mortes pelo vírus chegou a 1.019 no Reino Unido - um aumento de 260 em 24 horas. Foram ainda registadas 17.089 pessoas infetadas no país.
Os especialistas disseram que esperam que o número de mortos e infetados continue a crescer nas próximas duas a três semanas, antes de se começarem a sentir os efeitos das medidas de distância social e confinamento aplicadas.
O primeiro-ministro britânico também se refere à pandemia como um "momento de emergência nacional" e reconhece que a crise terá um impacto económico em todas as famílias, embora acrescente que o governo ajudará como puder.
O governante agradece o trabalho dos médicos, enfermeiros e outros trabalhadores cruciais nesta crise, bem como o das centenas de milhares de cidadãos que se ofereceram para ajudar os mais vulneráveis.
A carta enviada às famílias inclui orientações sobre como lavar as mãos adequadamente, uma explicação dos sintomas do novo coronavírus e recorda as regras impostas de confinamento e distância social.
Por seu lado, um especialista do Imperial College de Londres, Neil Ferguson, em declarações divulgadas hoje no The Sunday Times, disse que será necessário manter as medidas impostas pelo executivo "por um período significativo de tempo, provavelmente até o final de maio ou início de junho ".
Na passada segunda-feira, o governo britânico decretou o confinamento obrigatório para todos os cidadãos, exceto em casos excecionais, embora a polícia só tenha recebido por lei os poderes necessários para aplicar a medida na quinta-feira.
O protocolo prevê que os policiais primeiro avisem os que estão nas ruas sem uma boa razão que devem voltar para casa, mas inclui multas e prisões por não cumprimento.
A polícia pode sancionar aqueles que violarem o confinamento com uma multa de 60 libras (67 euros), que será reduzida para 30 libras (33 euros) se for paga no prazo de duas semanas.
É permitido sair para fazer exercício uma vez por dia, desde que se respeite uma distância de dois metros relativamente a outras pessoas. Os parques continuam abertos.
O ministro para os Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido, Alok Sharma, anunciou no sábado novas medidas destinadas a ajudar as empresas afetadas pela crise, introduzindo mudanças no atual sistema de insolvência.
O governo britânico já tinha anunciado medidas para ajudar os trabalhadores em risco de serem demitidos e trabalhadores independentes.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 640 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 30.000.
Dos casos de infeção, mais de 130.000 são considerados curados.