A reunião desta segunda-feira entre empresas de transportes e sindicatos de camionistas terminou com as posições ainda mais extremadas. Foi entregue um pré-aviso de greve a partir de 12 de agosto, que ameaça paralisar novamente o país.
No final do encontro, mediado pelo Governo, a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) mostrou-se desiludida.
André Matias de Almeida, advogado da ANTRAM, acusa o sindicato de motoristas de matérias perigosas de fazer novas exigências a cada reunião.
“É novamente ludibriar a comunicação social e aquilo que estava em cima da mesa das negociações, dizendo que a ANTRAM tinha previamente aceite um aumento de 100 euros em 2021, mais um aumento de 100 euros em 2021, quando os protocolos desmentem aquilo que foi negociado. É com profunda desilusão que a ANTRAM sai desta reunião porque vinha, mais uma vez, disposta a negociar”, declarou o representante das empresas do setor.
Em declarações aos jornalistas no final da reunião, Pedro Pardal Henriques, do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), disse que a greve é por tempo indeterminado e acusou a ANTRAM “dar o dito por não dito”.
“Apresentámos proposta conjunta, com base naquilo que a ANTRAM já tinha aceite, depois foi dito ao sindicato que não tinham aceite nada, esconderam um documento do sindicato independente dos motoristas para tentar enganar e dividir para reinar”, acusa Pardal Henriques.
De acordo com o sindicalista, a ANTRAM aceita um aumento de 300 euros para 2020, mas não se compromete com novas atualizações nos anos seguintes.
Os representantes dos motoristas pretendem um acordo para aumentos graduais no salário-base até 2022: 700 euros em janeiro de 2020, 800 euros em janeiro de 2021 e 900 euros em janeiro de 2022.
Com os prémios suplementares, que estão indexados ao salário-base, daria 1.400 euros em janeiro de 2020, 1.550 euros em janeiro de 2021 e 1.715 euros em janeiro de 2022.
Os sindicatos Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) acusam a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) de já ter aceite este acordo e de agora estar a voltar atrás na decisão, o que a ANTRAM desmente.
As posições estão cada vez mais extremadas e, depois da reunião desta segunda-feira, não foi marcado um novo encontro.
Se a via do diálogo falhar, os motoristas ameaçam voltar a paralisar o país, como fizeram durante a greve de três dias, realizada em abril. Mas desta vez, os motoristas de mercadorias vão juntar-se aos camionistas de matérias perigosas.
Segundo fonte sindical, existem em Portugal cerca de 50 mil motoristas de veículos pesados de mercadorias, 900 dos quais a transportar mercadorias perigosas.