Vai ser apresentado este domingo, em Gouveia, o livro traduzido da primeira biografia de Frei Bartolomeu dos Mártires, escrita em castelhano por Frei Luís de Granada. A tradução foi realizada em tempos de pandemia pelo frei dominicano português José Luís Monteiro, diretor de uma das maiores bibliotecas privadas de França.
A cor e a linguagem do século XVI, naquela que é a primeira biografia de Frei Bartolomeu dos Mártires, traduzida por Frei José Luís Monteiro, 61 anos. “Eu traduzi esta biografia em plena pandemia, se não houvesse pandemia, não podia ter feito este trabalho. Um dia estava no meu quarto, com a biblioteca fechada, sem sair do Convento, em Paris, e tendo em conta que Bartolomeu dos Mártires, foi canonizado em 2019, achei que era urgente, porque esta era a primeira biografia, era importante que as pessoas conhecessem e todos os dias pela manhã ia fazendo esse trabalho”, recorda, o frei dominicano português, natural de Gouveia, mas a residir em França.
E assim foi, a biografia já está disponível e recorda sobretudo as qualidades pastorais de Frei Bartolomeu dos Mártires, observa o diretor da Bibliothèque du Saulchoir, uma das maiores bibliotecas privadas de França. “Frei Luís de Granada não entra em grandes detalhes, mas o que lhe interessa é sublinhar as qualidades pastorais de Frei Bartolomeu dos Mártires, a sua sobriedade e modéstia, a sua caridade para com os pobres e esta biografia por Luís de Granada foi redigida ainda em vida de Frei Bartolomeu dos Mártires”, sublinha Frei José Luís Monteiro.
Na mão tem ainda dois volumes do século XVII, da vida de Frei Bartolomeu dos Mártires, que “teve muita influência em França, e em Roma, com São Carlos Borromeu, o arcebispo de Milão e mantiveram uma correspondência, que por acaso gostava de saber onde se encontra”, afirma Frei José Luís Monteiro, realçando alguns aspetos da vida de Frei Bartolomeu dos Mártires. “Ele nasceu em Lisboa, no século XVI, sempre ligado à Basílica dos Mártires, onde foram enterrados vários soldados, que ajudaram na reconquista de Lisboa no século XII. Ele foi um frade dominicano, nasceu a 3 de maio de 1514, em Lisboa e faleceu em Viana do Castelo a 16 de junho de 1590. Professor de teologia em Lisboa e na Batalha, viveu num convento, deu aulas. Depois, Frei Luís de Granada, dominicano espanhol, o autor espanhol mais traduzido no mundo, com mais de 4 mil edições, foi convidado para se tornar arcebispo de Braga, a convite da rainha D. Catarina de Bragança, mas recusou por ser espanhol e propôs o nome de Frei Bartolomeu dos Mártires. Bartolomeu ainda insistiu e escreveu ao Papa sobre as suas dificuldades e insuficiências, mas o Papa Pio IV, insistiu que ele tinha as qualidades suficientes para gerir a imensa arquidiocese de Braga, que incluía Viana do Castelo, parte de Bragança e Vila Real.”, desvenda.
Ao todo são 93 páginas para ler em pouco tempo. “Uma biografia pequena, não é chata, pode-se ler num dia tranquilamente”, conclui.
A apresentação da biografia será feita na Praça do Município de Gouveia, este domingo, dia 8, às 19h.