O exército e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF) do Sudão acordaram um novo cessar-fogo de 72 horas, a partir de domingo, anunciou a diplomacia saudita.
"O Reino da Arábia Saudita e os Estados Unidos anunciam o acordo dos representantes das Forças Armadas sudanesas e das Forças de Apoio Rápido para um cessar-fogo em todo o Sudão por um período de 72 horas, a partir de domingo", lê-se num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita, citado pela Agência France Presse.
O cessar-fogo entra em vigor às 6h00 locais de domingo (5h00 em Lisboa), segundo a mesma fonte.
"As duas partes acordaram que, durante o período de cessar-fogo se abstêm de movimentos e ataques, utilização de aviões de guerra ou drones, de bombardeamentos, do reforço de posições", refere a diplomacia saudita.
Além disso, abstêm-se também de "tentar obter ganhos militares durante o cessar-fogo". As duas partes concordaram ainda em permitir a liberdade de movimentos e a entrega de ajuda humanitária em todo o Sudão.
Um bombardeamento num bairro da capital do Sudão causou, este domingo, pelo menos 17 mortos, entre os quais cinco crianças.
De acordo com a agência Europa Press, o ataque a Cartum foi mais um dos ataques aéreos feitos nas últimas horas, que já tinham provocado mais de 12 mortes num outro bairro da capital sudanesa e na cidade vizinha de Omdurman.
Desde o início do conflito, a 15 de abril, mais de 950 civis foram mortos e cerca de 4.750 ficaram feridos, segundo o último balanço fornecido pelo Sindicato dos Médicos do Sudão.
Apesar da pressão internacional sobre as partes em conflito para que seja declarado um cessar-fogo, os ataques contra civis não cessaram e tanto o exército como as forças paramilitares recusam responsabilidades e trocam acusações.
Das negociações, que estão a ser mediadas pelos Estados Unidos da América e pela Arábia Saudita e que começaram em maio na cidade saudita de Jeddah, resultou uma declaração de compromisso para proteção aos civis e a declaração de dois breves momentos de tréguas, repetidamente violados pelas partes beligerantes.
As hostilidades entre as partes eclodiram durante a discussão da integração das RSF nas Forças Armadas do Sudão, uma parte fundamental de um acordo assinado em dezembro para formar um novo governo civil, depois da expulsão do ex-presidente Omar Hassan al-Bashir em 2019.
No entanto, a recusa do líder do RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, por descordo com as condições daquela reintegração, levou a conflitos que causaram atrasos na formação do Governo de transição.