Depois do pirata informático Rui Pinto, é agora a vez do principal arguido no caso do furto de armas de Tancos querer colaborar com a justiça a troco de uma possível atenuação de pena.
João Paulino apresentou ao tribunal um requerimento, em que se mostra disponível para entregar o material ainda desaparecido dos paióis de Tancos.
A pretensão já foi aceite pelo juiz do Tribunal Judicial da Comarca de Santarém, segundo o despacho a que a Renascença teve acesso.
O Ministério Público concorda que esta colaboração que João Paulino, o cérebro do furto, está a ter com a justiça tenha uma repercussão positiva para ele, naquela que vier a ser a sentença condenatória.
Segundo o documento, será a Polícia Judiciária a receber o restante material furtado em Tancos e que será entregue por João Paulino.
É o mais recente desenvolvimento num processo que entra numa fase decisiva no próximo dia 2 de novembro, data prevista para o início do julgamento no tribunal de Santarém.
O processo sobre o furto das armas de Tancos conta com um total de 23 arguidos, entre os quais o antigo ministro da Defesa Azeredo Lopes.
No banco dos réus vão estar também o ex-diretor nacional da Polícia Judiciária Militar (PJM) Luís Vieira, o ex-porta-voz da PJM Vasco Brazão e o ex-fuzileiro João Paulino, que segundo o Ministério Público foi o mentor do furto, os quais respondem por um conjunto de crimes que vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação até falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.
Azeredo Lopes está acusado dos crimes de denegação de justiça e prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder e denegação de justiça, num processo que investigou o furto e a encenação do achamento do armamento furtado dos paióis de Tancos.
Nove dos arguidos são acusados de planear e executar o furto do material militar dos paióis nacionais e os restantes 14, entre os quais Azeredo Lopes, que se demitiu do cargo político no seguimento do processo, e os dois elementos da PJM, da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.
O caso do furto das armas foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a alegada recuperação do material de guerra furtado ocorrido na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a PJM, em colaboração com elementos da GNR de Loulé.