Uma organização não-governamental (ONG) indicou este sábado que a Venezuela registou, no ano passado, um número "recorde de manifestações", devido ao "colapso dos serviços básicos e às exigências laborais" que levaram a população à rua.
Num relatório divulgado, o Observatório Venezuelano de Conflituosidade Social (OVCS) indicou ter registado, entre janeiro e dezembro de 2018, pelo menos 12.715 protestos, o equivalente a 35 protestos diários em todo o país.
"Este número representa um aumento de 30% com relação a 2017, quando se registaram 9.787 manifestações, com uma média diária de 27", apontou a ONG.
Os dados representam também o maior número de protestos durante a presidência de Nicolás Maduro, que tomou posse para um novo mandato de seis anos no passado dia 10.
"Além disso, 2018 superou o índice das duas grandes ondas de protestos registadas na Venezuela, nos anos de 2014 e 2017, em que foram documentadas 9,286 e 9.787 manifestações, respetivamente", frisou o documento.
O relatório indicou ainda que "nos últimos oito anos, o OVCS registou 59.787 protestos em todo o país, uma média de 7.473 por ano".
"No mandato de Nicolás Maduro ocorreram o maior número de protestos sociais, no período de Governo 2013-2018 registaram-se pelo menos 48.966 manifestações", acrescentou.
Os dados divulgados dão conta que em 2011 ocorreram 5.338 protestos, 5.483 em 2012, 4.410 em 2013, 9.286 em 2014, 5.851 em 2015, 6.917 em 2016, 9.787 em 2017 e 12.715 em 2018.
"89% dos protestos de 2018 caracterizaram-se pela exigência de direitos económicos, sociais, culturais e ambientais. Perante a falta de políticas públicas efetivas que atendam os problemas urgentes relacionados com a qualidade dos serviços público, o respeito pelas contratações coletivas dos trabalhadores, saúde, alimentação e educação, os cidadãos protestaram diariamente e estas foram as motivações que se destacaram por cima dos protestos políticos", sublinhou.
De acordo com o OVCS, "a observação direta e continuada da conflituosidade social na Venezuela ratifica que a sociedade civil está empoderada com os seus direitos e está disposta a sair às ruas para os exigir, de maneira espontânea, sem atender o chamado de líderes políticos nem as ameaças do Governo através da política repressiva".
O documento lembra que "apesar da resposta indolente e apática do Governo, da criminalização repressão ou ameaças, a sociedade expressou o seu descontento nas ruas".
"Com 1.628 protestos, o Distrito Capital liderou a conflituosidade durante o ano de 2018, seguindo pelos Estados de Bolívar (1.389), Lara (1.030), Táchira (957) e Mérida (940)".
Foram ainda registados 141 saqueios ou tentativas de saqueio, protestos para exigir medicamentos e alimentos, pelos baixos salários, para demandar respeito pelos contratos coletivos e por deficiências no setor da saúde.
Também pelos altos preços dos produtos, pela demora e incumprimento na entrega de produtos a preços subsidiados.