O tom dócil com que Lula da Silva se dirigiu a Ciro Gomes é a grande nota de relevo do derradeiro debate entre os candidatos presidenciais no Brasil.
A estratégia do ex-presidente foi clara: não agredir o candidato que está ideologicamente mais próximo.
Apesar de a mais recente sondagem Datafolha colocar Lula da Silva nos 50%, a candidatura não estará ainda convencida de que tal possa concretizar-se, por isso, Lula tenta ainda captar algum eleitorado de Ciro Gomes, cujo resultado mais expressivo pode comprometer as aspirações "petistas" de encerrar a questão eleitoral já no próximo domingo.
Lula não estará ainda convencido por várias razões: a margem de erro da sondagem é ainda significativa, 2%, o voto envergonhado (eleitores que votam Bolsonaro e não revelam) e a baixa participação do eleitorado mais desfavorecido.
Estas serão as grandes ideias a reter do debate, mais do que a previsível violência verbal, com acusações e insultos entre os dois principais candidatos, algo que as próprias candidaturas já haviam antecipado.
Ainda assim, o tom agressivo de Lula da Silva para com o candidato Padre Kelmon é um episódio a ter em conta.
Kelmon tem assumido um discurso que vai ao encontro de Bolsonaro,e por isso, a forma ríspida com que Lula reagiu aos ataques do candidato menos conhecido está a ser utilizada pelos apoiantes de Bolsonaro nas redes como prova de que Lula é contra as religiões. É um dado a ter muito em conta no Brasil.