Comunidade internacional exige explicações a Israel por morte de sete trabalhadores humanitários
02-04-2024 - 12:15
 • Lusa

Comissão Europeia apela à proteção das pessoas que prestam apoio humanitário em qualquer circunstância, à luz da lei humanitária internacional, e pede "uma investigação minuciosa a esta tragédia".

União Europeia, Polónia, Reino Unido e Bélgica exigiram hoje explicações a Israel pela morte de sete trabalhadores da organização humanitária World Central Kitchen (WCK) na sequência de um alegado bombardeamento israelita ao veículo em que viajavam.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, condenou o ataque e pediu para ser aberta uma investigação "o mais rapidamente possível", como escreveu na rede social X.

"Apesar de todos os apelos para proteger os civis e os trabalhadores humanitários, continuamos a ver pessoas inocentes a ser mortas", acrescentou Borrell.

A presidente da Comissão Europeia expressou condolências às famílias dos trabalhadores, descrevendo a organização como um "parceiro crucial" para aliviar a fome.

A publicação de von der Leyen na rede social foi acompanhada de uma outra publicação da Comissão Europeia, que apela à proteção das pessoas que prestam apoio humanitário em qualquer circunstância, à luz da lei humanitária internacional, e pede "uma investigação minuciosa a esta tragédia".

Também o ministro dos Negócios Estrangeiros polaco exigiu que Israel dê explicações pelo ataque de segunda-feira aos trabalhadores humanitários -um dos quais de nacionalidade polaca - que levou a organização a suspender as suas atividades na região.

"Pedi pessoalmente explicações urgentes ao embaixador israelita, Yacov Livne. Ele assegurou-me que a Polónia receberia em breve os resultados de uma investigação sobre esta tragédia", disse Radoslaw Sikorski também na rede X.

O ministro assegurou, no entanto, que Varsóvia planeia conduzir a sua própria investigação.

Por sua vez, o Presidente polaco, Andrzej Duda, afirmou na rede social que "esta tragédia nunca deveria ter acontecido e deve ser explicada".

Entre as vítimas contava-se também um trabalhador humanitário britânico, segundo confirmou o Governo do Reino Unido, manifestando "preocupação com o ataque".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico adiantou apenas, através de um porta-voz, que ainda aguarda "mais informações", mas a ministra da Educação, Gillian Keegan, admitiu em declarações à BBC que o Governo está "muito, muito preocupado".

Keegan lembrou que o Governo britânico instou Israel "a fazer mais para proteger os civis" e para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza e lamentou que o ataque tenha levado a organização fundada pelo 'chef' espanhol José Andrés a suspender as suas operações na Faixa de Gaza.

"Uma das prioridades é tentar levar mais ajuda a Gaza, por isso é obviamente muito preocupante", afirmou.

Além dos cidadãos britânico e polaco, o grupo de vítimas incluía um australiano, dois com dupla nacionalidade norte-americana e canadiana e um palestiniano, conforme avançou a WCK, que descreveu o ataque como "imperdoável".

A Austrália, através do seu primeiro-ministro, Anthony Albanese, também exigiu explicações ao Governo de Israel e defendeu que tem de haver uma "responsabilização total".

A mesma posição foi tomada pela Casa Branca, que exigiu uma "investigação rápida" sobre o que aconteceu.

Embora nenhum dos atacados fosse de nacionalidade belga, a Bélgica também reagiu ao ataque, criticando o "inaceitável assassinato" de sete trabalhadores humanitários e sublinhando que "mesmo em tempos de guerra, existem regras".

A Espanha foi outro dos países que se mostrou indignado, tendo o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, "exigido que Israel esclareça, o mais rapidamente possível" o sucedido.

Num comunicado de imprensa, após uma visita ao campo de refugiados palestinianos de Jabal el-Hussein, na Jordânia, a primeira paragem de uma viagem regional por três países, Sánchez expressou "as suas mais profundas condolências" pelas mortes e classificou o episódio como "um ataque brutal".

A WCK explicou que um dos seus veículos foi atacado na noite de segunda-feira pelo exército israelita ao passar por Deir al Bala, no centro da Faixa de Gaza, depois de sair de um armazém onde tinham descarregado 100 toneladas de alimentos, num movimento coordenado com as autoridades israelitas.

sto "não foi apenas um ataque contra a WCK, foi contra as organizações humanitárias que aparecem nas situações mais terríveis, nas quais os alimentos são usados como arma de guerra", denunciou a diretora executiva, Erin Gore.

Os trabalhadores da WCK estavam no enclave palestiniano em plena missão humanitária, em colaboração com a organização não-humanitária Open Arms, para estabelecer um corredor humanitário marítimo entre o Chipre e Gaza e assim superar os enormes obstáculos impostos por Israel à entrega de ajuda por via terrestre.