A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) avisa que não vai aceitar um acordo de mínimos. As negociações em concertação social para o aumento dos salários começaram esta quarta-feira, com uma reunião dos parceiros da concertação social, que tanto alertam para negócios com dificuldades como pedem mais ambição.
A CIP não assinou o anterior acordo de rendimentos, de 2022 e atualizado em 2023, e Armindo Monteiro avisa que também não está nada garantido desta vez, apesar de a Confederação não fazer "finca-pé".
"Só que a CIP também não faz de conta, por isso, se não nos revemos na ambição, nos objetivos de um determinado acordo, se é um acordo de mínimos, não achamos que seja isso que é necessário para a economia", defendeu o presidente da CIP.
No final da reunião desta quarta-feira entre parceiros sociais e Governo, a ministra do Trabalho fez um balanço positivo, e garantiu que "os parceiros mantiveram o que já vinha de trás, ou seja, um grande espírito de abertura relativamente a mexer em todas as matérias que julgamos pertinentes aqui, incluindo salário mínimo".
Rosário Palma Ramalho desmentiu ainda o valor de 860 euros apresentado como objetivo para o salário mínimo em 2025.
Também no final do encontro, o presidente da Confederação do Turismo, Francisco Calheiros, admitiu que os salários em Portugal são baixos, mas alertou que há negócios em dificuldade, mesmo tratando-se “de um setor em que a sua generalidade tem corrido bastante bem".
"Os salários em Portugal são baixos, reconhecemos, o médio, o salário mínimo. Agora, temos que ter cuidado com algumas atividades, quer no interior, quer algumas próprias atividades do turismo em que as coisas não correram tão bem e temos que ter alguma cautela nisso", sublinhou o responsável.
À semelhança da CIP, os patrões do setor do turismo também defendem um novo acordo de rendimentos, mais ambicioso, em vez de alterações ao que está em vigor.
“Há uma série de medidas. Eu diria ainda que estão por executar, números redondos, 40% delas estão para executar e, em meu entendimento, é urgente que elas venham a ser executadas", afirmou Francisco Calheiros, apontando que "faz sentido pensarmos, estamos no início de uma legislatura, temos quatro anos de legislatura, seria talvez importante termos um novo acordo, mais ambicioso do que este temos até agora, porque os tempos evoluem".
João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, destacou as garantias deixadas pelo ministro das Finanças sobre a concretização de medidas nos serviços.
“Ficou claro que os compromissos assumidos nos acordos de concertação social que estão em vigor são para ser cumpridos e isso é um objetivo importante, em particular para a CCP por vários temas, nomeadamente duas áreas que ainda não estão concretizadas. Uma é a agenda de desenvolvimento do comércio de serviços, quer em particular no setor automóvel, digamos o subsídio ao abate dos veículos antigos", sublinhou o responsável da CCP.
Os sindicatos definem prioridades diferentes para as negociações. O secretário-geral da UGT, Mário Mourão, defende que, se conseguirem manter o referencial para os aumentos salariais na negociação coletiva nos 5%, já contribuem para combater os baixos salários.
“Tendo presente aquilo que foi em 2024, 5% e, portanto, vamos ver se conseguimos chegar aí, são 4,7%. É aquilo que consta no acordo, portanto, se conseguirmos manter os 5%, é um esforço mais para que, de facto, se faça o combate aos baixos salários", referiu o líder da União Geral de Trabalhadores.
A CGTP apresenta esta quinta-feira as reivindicações para o próximo ano. No final da reunião, o secretário-geral, Tiago Oliveira, defendeu que esta foi mais uma oportunidade perdida para discutir os problemas dos trabalhadores.
“Mais uma reunião em que os problemas concretos dos trabalhadores não foram abordados. Mais uma reunião em que a questão dos salários, a questão dos direitos, a questão do combate à precariedade, a questão da melhoria das condições de vida de quem trabalha passaram completamente à margem do seu conteúdo", acusou o sindicalista.