Marcelo Rebelo de Sousa reúne-se esta quarta-feira com o Presidente norte-americano, Donald Trump, em Washington, num encontro em que pretende reforçar o eixo transatlântico e o relacionamento entre os dois países.
Questionado sobre as expectativas que tem para a reunião, o Presidente responde que tem “sempre expectativas boas quando se trata de chefes de Estado de países amigos” e lembra que, neste caso, são já “242 anos de amizade”.
“Nós temos amigos que não têm 242 anos e com os quais nos damos muito bem, [portanto] Estados Unidos e Portugal, com uma amizade tão profunda e tão longa, só podem, enquanto povos e culturas e formas de conviver duradouramente, dar-se muito bem”, conclui, em declarações a jornalistas portugueses.
O encontro entre os dois chefes de Estado está marcado para as 19h00 (14h00 em Lisboa), na Casa Branca (Washington). Prevê-se que ambos façam depois declarações à comunicação social na Sala Oval.
De acordo com a Casa Branca, que se refere a Portugal como “um importante aliado da NATO”, os dois Presidentes terão uma conversa a sós, seguida de uma reunião bilateral.
Na reunião alargada, além de elementos da Casa Civil do Presidente da República, estarão o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e o embaixador de Portugal nos Estados Unidos, Fezas Vital.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, no encontro o Donald Trump serão abordados "temas comuns importantes que dizem respeito à pertença à NATO, ao envolvimento no Atlântico", bem como a "colaboração no domínio energético, no domínio dos investimentos recíprocos".
A comunidade emigrante portuguesa e lusodescendente nos Estados Unidos também será "um ponto central" da conversa, adiantou aos jornalistas, na sexta-feira.
"Depois veremos se, além desses, haverá outras realidades internacionais, multilaterais, como se costuma dizer, que venham a ser abordadas", referiu.
Após o encontro com Donald Trump, o Presidente da República falará com os jornalistas portugueses na Chancelaria da Embaixada de Portugal em Washington.
Esta é a segunda deslocação de Marcelo Rebelo de Sousa aos Estados Unidos neste mês de junho – o “Mês de Portugal”, assinalado com um conjunto de iniciativas em diversos estados norte-americanos ainda no âmbito das comemorações do 10 de junho.
O Presidente da República chegou ao outro lado do Atlântico na terça-feira à noite e já esteve no Clube Português de Manassas, na Virgínia, onde aproveitou para elogiar o trabalho e o empenho dos portugueses naquela região da América.
Foi ainda à chegada aos Estados Unidos que Marcelo Rebelo de Sousa deixou o anúncio de que vai receber o Presidente da China em Portugal no final do ano.
A visita oficial aos EUA é de um dia e meio, começou na terça-feira e terminará na Residência da Embaixada de Portugal em Washington, com uma cerimónia de "Toast to America" – brinde à América – com a presença do presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque.
Quatro Presidentes na Casa Branca
Marcelo Rebelo de Sousa será o quarto Presidente português eleito em democracia a ser recebido na Casa Branca, em Washington, pelo chefe de Estado dos Estados Unidos da América.
Ramalho Eanes, primeiro Presidente da República Portuguesa eleito por sufrágio universal após o 25 de Abril de 1974, foi recebido na Casa Branca por Jimmy Carter, em 1978, e por Ronald Reagan, em 1983.
Mário Soares esteve igualmente com Reagan na Casa Branca, em 1987, onde se reuniu também com George Bush, em 1989 e 1992, e com Bill Clinton, em 1993. Cavaco Silva, por sua vez, foi recebido em Washington por Barack Obama, em 2011.
Dos anteriores Presidentes da República eleitos, apenas Jorge Sampaio - que recebeu Bill Clinton em Lisboa quando este estava a terminar o segundo mandato, no ano 2000, e depois teve como homólogo George W. Bush durante o período tenso da guerra do Iraque - não esteve na Casa Branca.
No plano diplomático, as relações com os Estados Unidos da América, onde vivem cerca um milhão e 400 mil emigrantes portugueses e lusodescendentes, são vistas como um dos principais pilares da política externa portuguesa.
Além da aliança na NATO e da cooperação bilateral na defesa e segurança – os Estados Unidos mantém presença militar na Base das Lajes, nos Açores, embora progressivamente reduzida – são um importante parceiro comercial de Portugal, principal destino das exportações portuguesas fora da União Europeia.
Por outro lado, o número de turistas norte-americanos que visitam Portugal tem crescido anualmente acima dos 10%.