O patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, afirmou esta sexta-feira homilia da celebração da Paixão do Senhor que a morte de Cristo na cruz é reveladora de quem é Deus e de uma proposta para o ser humano.
“Na cruz, revela-se este apego de Deus à humanidade, a cada um de nós, este amor indizível que se estende até à loucura de jamais desistir de nós, filhos pródigos, alienados e vendidos aos deuses do individualismo egoísta”, disse D. Rui Valério.
Na celebração que evoca a morte de Cristo na Cruz, o patriarca de Lisboa lembrou que nada “desarma tanto” como a paixão e morte de Jesus, desarma das “autodefesas e purifica “dos impulsos de violência”.
“Na sua presença, as lanças e as espadas do coração transformam-se, realmente, em foices de solidariedade e em arados de justiça. Emerge um Deus do silêncio, que não se lamenta, mas também não ordena que do céu caia um fogo exterminador”, indicou.
D. Riu Valério disse que a morte de Cristo numa cruz é reveladora de “um Deus que não agride, nem ofende… pura gratuidade de amor, porque, mesmo que da humanidade, a quem se dá totalmente, só receba desdém e indiferença, não cessa de lhe oferecer a sua vida”.
“Cristo realizou uma ação livre, de abertura, de abandono incondicional. E tudo aconteceu na morte de Cruz, num gesto de entrega, de amor, que transformou o desespero em coragem, a cobardia em abnegação, o tédio em inclinação amorosa. A Cruz é o lugar da nossa redenção e, por isso, da nossa recriação”.
O patriarca de Lisboa a cruz de Cristo é “força de vida e esperança”, libertação das “amarras aterrorizadoras que o prendiam, por causa do pecado”, revelação de que, para o ser humano, “só o caminho da dádiva de si, a opção de ser dom e sacrifício para os outros, como Ele, é a estrada da verdadeira vida, é o trajeto por meio do qual se pode alcançar a plenitude”.
“A cruz de Cristo, envolta em mistério, revela-nos a total solidariedade de Deus com a condição humana votada à morte e, em simultâneo, revela-nos também que a morte não é a última palavra sobre a existência humana. Deus ama-nos e, cheio de compaixão, morre connosco para connosco ressuscitar para a sua plenitude”, afirmou.
D. Rui Valério indicou que a cruz é portadora da luz que permite “olhar de frente para as sombras da existência, para ver na sua escuridão uma força germinal”.
“Assim como, a semente, ao ser lançada, penetra nas trevas da terra, para fecundar muitos frutos, também a tua cruz é fonte de nova vida”, concluiu o patriarca de Lisboa.
A celebração da Paixão do Senhor é celebrada em sexta-feira, Santa, um dois dias do ano, a par do Sábado Santo, em que não é celebrada a Eucaristia.