O antigo presidente do FC Barcelona Josep María Bartomeu e o ex-diretor da presidência Jaume Masferrer passaram a noite na esquadra, no âmbito da operação por suspeitas de corrupção, revelou a agência noticiosa espanhola EFE.
De acordo com a EFE, ambos usaram o seu direito de não prestar declarações na esquadra de Les Corts, assim como o atual diretor geral do clube, Óscar Grau, e o diretor jurídico, Román Gómez Ponti, que saíram em liberdade.
O advogado de Román Gómez Ponti, Jorge Navarro, referiu, à porta da esquadra, que o seu cliente não declarou, por "não achar que fosse necessária uma justificação", enquanto a advogada de Jaume Masferrer, Olga Tubau, confirmou que o antigo braço direito de Bartomeu irá ser presente a tribunal, na quarta-feira.
“Esta noite (Masferrer) fica na esquadra. Ele não declarou, porque o caso é secreto. Sem saber o conteúdo de um caso, não se pode declarar", esclareceu.
A polícia regional da Catalunha (‘mossos d'esquadra') destacou a "atitude e colaboração" do FC Barcelona neste caso, que resultou nas quatro detenções, numa operação desencadeada esta manhã em Barcelona, que incide sobre crimes relacionados com corrupção e outros delitos criminais.
As autoridades regionais da Catalunha realizaram buscas em cinco locais, entre empresas e particulares, com o intuito de encontrar material útil para a investigação, confirmando que um dos espaços alvo foram alguns “departamentos específicos” em Camp Nou, estádio do FC Barcelona.
O clube reagiu, em comunicado, confirmando a existência de buscas, na sequência de mandados emitidos pelo 13.º tribunal de instrução de Barcelona, “encarregue do caso sobre o uso de serviços de monitorização de redes sociais”.
“O FC Barcelona ofereceu a colaboração plena com as autoridades judiciais e policiais, para ajudar a descobrir os factos pertinentes para a investigação. A informação e documentação requerida está relacionada apenas com este caso”, indica a nota.
Os catalães dizem ainda respeitar “o processo em curso e a inocência presumida das pessoas afetadas”.
Além dos escritórios em Camp Nou, os ‘mossos d’esquadra’ realizaram buscas também na sede da I3 Ventures e da Telampartner, duas empresas alegadamente contactadas para agir nas redes sociais contra adversários e atletas que se opunham à direção de Bartomeu.
As buscas estão relacionadas com o caso denominado ‘Barçagate’, que partiu de uma denúncia de um grupo de adeptos, cujo processo segue em segredo de justiça até 10 de março, e, segundo a imprensa local, relaciona-se, entre outros, com uma campanha de difamação levada a cabo contra concorrentes da administração de Bartomeu.
O clube está a seis dias de eleger um novo presidente, no domingo, com três candidatos a concurso: Joan Laporta, antigo líder do emblema, entre 2003 e 2010, o empresário Victor Font e o antigo diretor Toni Freixa.
Laporta pediu que se respeite a “presunção de inocência”, mesmo admitindo que “não é uma boa notícia”, e Freixa deixou a garantia de que o clube “nunca estará sozinho”.
Bartomeu, de 58 anos, foi presidente do 'Barça' entre 2014 e 2020, com Carles Tusquets a sucedê-lo, de forma interina, a partir de outubro do ano passado, após muita pressão de adeptos e até de atletas, como o futebolista argentino Lionel Messi, que 'ameaçou' sair no verão de 2020.
Antes, também Sandro Rosell tinha estado a contas com a justiça, tendo sido detido, por 643 dias, após ter estado envolvido no processo de apropriação indevida de fundos relativos à transferência de Neymar do Santos para Espanha, tendo sido absolvido.